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Não bastasse o estresse, tanto pacientes quanto profissionais de saúde não conseguem identificar o quadro com a agilidade necessária. “Os sintomas do infarto nos homens são diferentes”, explica o médico. Enquanto nos homens a dor do lado esquerdo do peito e o formigamento no braço são logo relacionados ao evento, as mulheres sentem náuseas, fadigas intensas, dor no estômago. “Há uma demora na procura por um profissional e, muitas vezes, os próprios médicos têm dificuldade em associar os sintomas ao infarto”, afirma. Por isso, Augusto De Marco sugere a promoção de campanhas permanentes incentivando hábitos saudáveis, alimentação balanceada, momentos de lazer e detalhando os sintomas.
Demora
Cantarelli coordena a campanha Coração Alerta que acontece neste mês em todo o país. “A ideia é reduzir a mortalidade por meio da informação.” O médico explica que o tratamento só é efetivo quanto mais cedo for aplicado. Segundo Cantarelli, se a pessoa for atendida nas três primeiras horas do início do infarto, ela tem uma mortalidade de 4% a 5%, na primeira, é inferior a 2%, e a cada hora a chance de morrer aumenta.
Uma pesquisa feita pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra que as pessoas demoram, em média, até duas horas após o início do infarto para fazer contato com o médico. “Às vezes, ela não reconhece o sintoma ou o minimiza e espera passar”, lamenta Cantarelli.
A despreocupação com os sintomas quase tirou a vida da aposentada Christiana Fernandes Guerra Waknin, 79 anos. Em 2006, ela estava na Europa para visitar a filha e viajaria de uma cidade a outra, quando, no caminho do aeroporto, sentiu uma dor no peito. Como havia andado muito, ela achou que pudesse ser uma fadiga devido a exercício físico. Na hora do embarque, uma funcionária da companhia aérea percebeu que Christiana estava pálida e chamou uma ambulância enquanto a aposentada era levada ao avião. “Eu cheguei a subir no avião. E depois disso apaguei”, conta. Christiana teve um infarto que levou a uma morte súbita abortada — quando o coração para e a pessoa é reanimada. Como a ambulância estava ao lado, os paramédicos a salvaram e a levaram ao hospital, onde ela ficou internada cerca de 15 dias.
Christiana passou cerca de uma hora sentindo dor no peito, embora não tenha observado nada no braço esquerdo, sintoma comum em casos de infarto. Um ano depois, a aposentada teve de fazer uma cirurgia para colocar uma Ponte de safena. Segundo Christiana, o fator genético teve mais influência do que o estilo de vida. Apesar de não beber nem fumar e se alimentar corretamente, ela incluiu uma nova atividade no cotidiano para conservar a saúde. “Hoje, pratico exercícios físicos sempre”, relata.