Saúde

Conheça a classificação dos sonhos e desvende alguns símbolos

Flávia Duarte

A psicanalista junguiana Rosângela Macedo, analista clínica do Espaço Quíron, explica que há tipos diferentes de sonhos. Nem todos querem dizer algo específico sobre o sonhador.


  • Sonhos compensatórios: em que você realiza coisas que não pode realizar na vida real.
  • Sonhos objetivos: Freud dizia que eram restos diurnos, uma oportunidade de você expulsar os desgastes vividos ao longo do dia e que não servem para nada.
  • Sonhos premonitórios: o inconsciente é como se fosse uma caixa-preta e lá está tudo registrado, o que você viveu ao longo da vida. Assim, no sonho você pode antever situações que o inconsciente já tem conhecimento.

Fique atento
  • Faça um sonhário, um registro diário dos sonhos, que, por si só, já é um exercício terapêutico. Só de anotar as imagens, as ações, as sensações e as emoções experimentadas no mundo onírico, começamos a organizar os movimentos psíquicos.
  • Compre um caderno exclusivo para essa finalidade e anote palavras chaves, sensações, desfechos dos quais se lembra.
  • Todos os elementos presentes num sonho (dos personagens aos objetos) não devem ter interpretação literal. Tudo faz parte de si e fala de você.
  • Ao terminar o relato, tente fazer um exercício livre de associações entre aquilo que viu e as relações que se estabelecem com a sua vida.
  • Não tente encerrar o conteúdo de um sonho atribuindo um significado único. Quanto mais múltiplo for o sentido, mais valia terá. Se achar interessante, escreva o resultado da amplificação abaixo do sonho.
  • Em geral, todos os sonhos da mesma noite seguem uma temática comum e, depois de serem analisados individualmente, deverão ser observados como um conjunto conciso.
  • Se não lembrar do que sonhou, não se aflija. Quanto mais você se esforçar, mais fácil vai ficar recordar dos sonhos com o tempo.

Fonte: Informações do site www.selfterapias.com.br


Autoconhecimento e premonição
“Sou neta de índio e de cigano.” Assim se apresenta Ana Lúcia Fernandes, 44 anos. A referência familiar é para dizer que ela traz na alma algo de místico, de vidente. De sonhadora também. Desde a adolescência, a funcionária pública recebe recados, sabe-se se lá de quem, enquanto dorme. Sonhar para ela virou uma via de comunicação com o futuro e com o próprio inconsciente.

Do que considera seu primeiro sonho premonitório ela se lembra bem. Tinha 17 anos, quando se viu, em seus pensamentos oníricos, carregando uma criança nos braços, enquanto tentava caminhar por um lamaçal. Ao fim do trajeto, deparava-se com uma água límpida. Era o final feliz de um percurso aparentemente difícil. Intrigada com o sonho, meses depois descobriu quem era aquele menino e que árduo trajeto seria aquele. Ana Lúcia estava grávida. Para ela, o sinal que recebeu enquanto dormia era anúncio da inesperada maternidade.

Aos 19 anos, ela também sonhou que encontraria seu marido. O amor da vida logo apareceu. Três anos atrás, quando decidiu estudar para passar em concurso da Câmara, surgiu um anjo enquanto dormia, que logo profetizou: “A espera acabou”. Dias depois, saiu o resultado de sua aprovação na prova.

E assim ela segue sonhando. Quando Ana Lúcia fala dos sonhos, empolga-se. Gosta de contá-los para amigos, conhecidos e terapeutas. Descreve detalhes. Histórias longas, com começo, meio e fim. “São verdadeiras epopeias”, brinca. Tão rico o material onírico, que virou livro. A amiga Márcia Sabino se inspirou em um dos sonhos de Ana para escrever Audaces Fortuna Juvate — a sorte protege os audazes.

Mas ela própria tem seu livro de sonhos. Um sonhário, como chama. Anota todas as lembranças da noite ali. E interpreta a própria história. Sozinha ou com ajuda do psicanalista. Em uma dessas interpretações das mensagens simbólicas que recebe de si mesma, descobriu que precisava levar a vida com mais suavidade e feminilidade. “Eu sempre sonhava com uma cangaceira, que me dizia para ser muito forte”, conta. “Venho de uma família de três homens, trabalhava com gestão financeira, em um meio muito masculino. Descobri, por meio desse sonho, que me obrigava a ser dura, forte, como a cangaceira dizia.”

Feita essa análise, resolveu aliviar a dureza do braço com que conduzia a vida. Até o cabelo, antes curtinho, mais masculino, deixou crescer. O simbolismo do sonho manifestou-se igualmente de forma simbólica, em uma mudança na própria imagem de Ana Lúcia. “O sonho é uma conversa com você mesma”, diz ela, que aprendeu há tempos a se ouvir durante a noite.

Desvendando alguns símbolos
  • Avião: é a representação do voar psicológico, da expansão da consciência, de libertar o pensamento.
  • Beijo: é a representação de estabelecer contato afetivo íntimo, união fraternal. É também a representação de render homenagem e respeito (beijar a mão), além de representar submissão e fidelidade (beijar os pés).
  • Cabelo: é a referência aos pensamentos. Pentear os cabelos é arrumar os pensamentos. Cortar os cabelos é podar os pensamentos. Amarrar os cabelos é conter ou reprimir os pensamentos.
  • Caixão: é a representação dos conteúdos trancados e amortecidos do sonhador. Esses conteúdos podem ser lembranças, vivências, sentimentos, pensamentos, pessoas.
  • Cegueira: é a representação da cegueira psíquica. Ignorar a realidade dos fatos, das coisas, do outro e de si mesmo. Ficar cego é negar as evidências.
  • Diabo: é a representação da maldade, dos sentimentos maus e perversos, do lado mau de cada pessoa.
  • Escuro: simboliza entrar em contato com material desconhecido, vivências e lembranças encobertas. Muitas vezes, o escuro aparece como clima ou foco afetivo. Um sonho escuro geralmente está abordando material encoberto.
  • Inundação: é a expressão de um transbordamento psíquico ou emocional. Tudo fica submerso.
  • Juiz: é a consciência moral, do julgamento, da decisão entre o certo e o errado.
  • Nudez: na maioria das vezes, significa estar exposto ao mundo ou a si mesmo. Revelar seus segredos.

Fonte: Livro Sonhos e símbolos na análise psicodramática – Glossário de símbolos, de Victor Dias.