

A ideia do professor Ivan Martin, da Universidade de Basel, na Suíça, é a de que, por estarem localizados perto células que se desenvolvem no cérebro, os condrócitos — componentes do tecido cartilaginoso nasal — poderiam reter uma maior capacidade de proliferação, enquanto mantêm a já conhecida propriedades de autorrenovação. Neles, faltaria expressão de genes HOX normalmente encontrados nos condrócitos articulares e capazes de controlar organização de estruturas de tecidos e órgãos durante o desenvolvimento embrionário. “Nosso estudo difere não só na fonte celular utilizada, mas também no enxerto de um tecido de cartilagem totalmente desenvolvido, em oposição ao fornecimento de células por um material em gel”, compara Martin.
Atualmente, a reparação da cartilagem dos joelhos é feita com o cultivo de células de cartilagem, chamadas condróditos, em laboratório. Em seguida, elas são implantadas, por meio de cirurgia, no local desejado. Essa estratégia é utilizada há muitos anos, ainda que tenha resultados nem sempre previsíveis. Para testar o novo procedimento proposto, a equipe liderada por Martin retirou uma pequena amostra de células nasais, que foram expandidas em laboratório e transplantadas, em seguida, em cabras com defeitos na cartilagem dos joelhos.
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Os pesquisadores acreditam que as células de cartilagem do nariz podem ser úteis em outras áreas da medicina regenerativa, como na cirurgia plástica e reconstrutiva, e em doenças degenerativas, a osteoartrite, por exemplo. “Uma terapia com tecidos em vez de uma terapia com células para a reparação da cartilagem deve facilitar a manipulação cirúrgica e de pós-operatório de carregamento do enxerto, bem como proteger as células implantadas dos fatores inflamatórios no local da cirurgia”, diz Martin.

Antes chamada de doença articular degenerativa, essa enfermidade crônica degenera as cartilagens e afeta alterações nas estruturas ósseas vizinhas, causando dor, rigidez e perda da capacidade funcional. Mãos, joelhos e colunas são as partes dos corpos mais atingidas. Na maioria dos casos não se descobre a causa do problema, mas sabe-se que obesidade e esforços repetitivos estão entre os fatores de risco. De acordo com o Manual Merck de Informação Médica, a maioria dos pacientes tem mais de 70 anos, e o distúrbio surge de forma equilibrada em ambos os sexos. Não há tratamento disponível para conter a evolução ou reverter o processo patológico.