Basta abrir uma página na internet para encontrar alguma figura pública envolvida no já famoso desafio do balde de gelo. A “vítima” é submetida a um banho gelado e convoca amigos ou conhecidos a fazer o mesmo. Uma câmera registra a situação inusitada e as imagens são divulgadas na rede mundial de computadores. O objetivo original da iniciativa é chamar a atenção para a necessidade de doações para instituições que apoiam portadores de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Popularizada por Pete Frates, esportista norte-americano de 29 anos diagnosticado com ELA, a campanha, mais do que uma brincadeira, visa a mostrar que, para o paciente, é um “banho de água fria” receber o diagnóstico de uma doença degenerativa do sistema nervoso, que deixa o portador incapacitado e ainda não tem cura. Inicialmente, a proposta era de que o desafiado optasse entre fazer uma doação ou enfrentar o balde. Com a disseminação da campanha, os participantes aderiram ao sacrifício gelado, independentemente da doação.
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Apesar dos bons propósitos, a ideia que surgiu nos EUA e se espalhou como uma epidemia pelo mundo por enquanto parece ter encontrado no Brasil impacto financeiro bem mais modesto na luta contra a doença. Enquanto nos EUA a ALS Foundation já arrecadou U$ 88,5 milhões, juntas, três instituições brasileiras somam cerca R$ 380 mil. Em Minas, o desempenho é incomparavelmente mais tímido: a entidade mineira de apoio às vítimas da ELA recebeu apenas R$ 225 desde o início da campanha. Pode ter colaborado para isso o fato de que muita gente não sabe que existe uma associação no estado.
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No âmbito nacional, três entidades estão recebendo doações. A Associação Brasileira de Esclerose Amiotrófica (Abrela), a Associação Pró-Cura da ELA e o Instituto Paulo Gontijo. Juntos, os três somam R$ 378 mil em arrecadação. A gerente executiva e nacional da Abrela, Élica Fernandes, afirma que a entidade tem 1,8 mil portadores da doença cadastrados e estima em 6 mil o número de brasileiros com a enfermidade. “Trabalhamos com a produção de material informativo, reuniões com as famílias, simpósios para profissionais da saúde e até compra de material para os pacientes, como sondas de alimentação. As doações vão fortalecer esse trabalho”, diz ela.
Força de vontade
Em 2009, o técnico em eletrônica Gleisson sentiu os primeiros sinais de fraqueza muscular, mas só um ano depois receberia o diagnóstico de ELA. Atualmente, é atendido em casa por uma equipe composta por fisioterapeuta, duas fonoaudiólogas e uma cuidadora, além de duas irmãs que se revezam no momento do banho.
A mulher, a agente de saúde Jussara Ferrarezzi, de 49 anos, se esforça no sustento da casa e no cuidado com os filhos Ana Clara, de 21, e Vítor, de 15. “O Gleisson é fera. Por ser inventor e muito inteligente, conseguiu adaptar um programa de leitura no computador. Passa a noite inteira vendo filmes e mexendo no Facebook. Mas a doença em si não é fácil. O paciente é totalmente dependente de cuidados. Demos sorte de ele conseguir falar”, afirma.
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É provocada pela degeneração progressiva no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na medula espinhal. Esses neurônios são células nervosas especializadas que, ao perderem a capacidade de transmitir os impulsos nervosos, dão origem à doença. A ELA foi descoberta em 1848 pelo médico francês François Aran. Ainda não se conhece a causa nem tampouco a cura para o mal. A medicina ainda não conseguiu frear o desenvolvimento da doença, cujo principal sintoma é a fraqueza muscular, acompanhada de endurecimento dos músculos (esclerose), inicialmente em um dos lados do corpo (lateral), com atrofia muscular (amiotrófica). É uma doença cara, que necessita de apoio econômico dos governos, convênios de saúde e da família para que o paciente possa viver com dignidade. Nos últimos anos, a esperança dos portadores de ELA aumenta com o avanço nas pesquisas de novos medicamentos. Um dos casos mais conhecidos é o do físico Stephen Hawking, que já convive há 25 anos com o diagnóstico de ELA.
Para doar
Associação Regional da Esclerose Lateral Amiotrófica de Minas Gerais (Arela/MG)
Banco Sicoob(756)
Agência: 4027
Conta corrente: 288591151
CNPJ: 10.888.532/0001-60
Associação Pró-Cura da Esclerose Lateral Amiotrófica
Banco Bradesco (237)
Agência: 2962
CNPJ: 18.989.225/0001-88
Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela)
Banco Santander (033)
Agência: 3919
Conta corrente: 130001906
CNPJ: 02.998.423/0001-78
Instituto Paulo Gontijo
Banco HSBC (399)
Agência: 0319
Conta corrente: 0135853
CNPJ: 07.933.457/0001.06