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Mesmo quando é tranquila, a separação dá medo a qualquer um. Para o animador, um dos maiores temores foi perder a chance de ser pai de Ava. “Meu receio era de que a mãe se casasse e resolvesse se mudar para outra cidade. Eu teria perdido o crescimento dela. Ainda bem que não aconteceu”, lembra.
Outra preocupação foi bem mais prática: a de perder a filha no shopping ou de ela sofrer algum acidente doméstico, por exemplo. “Por saber que eu tenho uma memória ruim, foco completamente nela quando estamos juntos e, por isso, nunca aconteceu nada”, explica. Com o tempo, descobriu que é preciso que a casa esteja sempre limpa, que qualquer objeto que possa ser engolido ou causar ferimentos deve ser mantido fora de alcance e que a cor rosa tem diversos nomes. “Adaptei muita coisa para fazer a minha casa o mais confortável possível. Eu sempre gostei de gerir a casa e a gente aprende na prática. Economia doméstica é no erro e no acerto”, explica. Deu tão certo que, hoje, a pequena passa quase a semana inteira com o pai.
Quando Ava está com a mãe, Aggeo aproveita o momento para ser solteiro e ter seus dias mais “irresponsáveis”. Apesar de não esquecer nunca da filha, foi importante ser um pouco adolescente depois da separação. A mãe de Ava se casou novamente e o pai tem uma namorada — apesar do ciúme inicial, a menina nunca teve problemas e desentendimentos com os atuais companheiros dos pais.
Para Aggeo, o segredo da guarda compartilhada é a comunicação entre os pais. Apesar de ser um período difícil, com muita mágoa entre os dois, é preciso conversar. Nem que seja por mensagem ou e-mail. “Tudo tem que ser discutido. Em questões de saúde, quem está com o filho tem que saber o que aconteceu na ausência, para dar andamento ao tratamento e não se assustar. A comunicação é essencial para garantir não só a saúde física da criança, mas a mental”, pondera.
Tranquilidade e amor
O profissional de educador físico Marcelo Alcântara, 46 anos, se considera um “pãe”. “O que eu não fiz foi gerar e amamentar, mas o resto foi minha responsabilidade e não foi difícil”, conta. Pai de Bruno, hoje com 9 anos, Marcelo era casado e se separou quando o filhote tinha apenas 2 aninhos. A solução da moradia foi vender o apartamento que dividia com a ex-mulher e comprar outro. Na casa nova, a preocupação foi a de que Bruno se sentisse à vontade. Por isso, ali o menino tem seu próprio quarto, com suas coisas, e o condomínio conta com área de lazer especial para crianças da idade dele.
No novo apartamento, o educador físico não teve muitas dificuldades para adaptar a rotina do filho, que dorme na casa do pai uma vez por semana e durante alguns fins de semana. “Minha mãe até veio me dar uma força, mas acabei não precisando muito de dicas ou de ajuda. Eu me virei bem. Aprendi a lidar até com a dor de dente nascendo”, lembra. Tudo por conta de um amor incondicional que emociona qualquer pai. “Com ele, aprendi o que é esse amor. Ser pai mudou minha vida em todos os aspectos. Hoje, antes de tomar qualquer decisão, penso em como vai afetá-lo, em como vai refletir na vida dele.”
Até a decisão de namorar passa por Bruno. A maior preocupação era de que as namoradas entendessem e gostassem de criança. “Nunca me envolvi com quem não me ajudava. E, quando estavam ficando mais sérias, eram apresentadas ao Bruno”, explica. O segredo da criação do pequeno é, acima de qualquer coisa, preservá-lo e poupá-lo de desgastes emocionais. Crianças sentem qualquer briga ou animosidade, e elas não têm nada a ver com os problemas dos pais, por isso, devem ser preservadas. “Tem que tratar tudo com tranquilidade e o filho deve ter certeza de que é amado e querido. Eu e a mãe dele conversamos muito, dos assuntos escolares aos de saúde. A comunicação é muito importante.”