Uma droga ainda em fase de testes foi apontada como responsável pela melhora do médico Kent Brantly e da enfermeira Nancy Writebol, ambos americanos, que contraíram o vírus ebola durante missão na Libéria. O medicamento foi identificado pela rede de televisão americana CNN como ZMapp, um coquetel de anticorpos desenvolvido pela empresa de biotecnologia Mapp Biopharmaceutical, com sede em San Diego. O possível sucesso da nova terapia alimenta esperanças de cura para a febre hemorrágica. Ontem, novo balanço da Organização Mundial de Saúde indicou que, desde março passado, 887 pessoas morreram na África Ocidental vítimas do ebola. Mais de 1.600 casos da doença foram registrados na região até 1º de agosto.
A organização Samaritan’s Purse, para a qual Brantly e Writebol trabalhavam, confirmou que os americanos receberam doses de um soro experimental enquanto ainda estavam na Libéria. O medicamento foi levado congelado dos EUA e teria chegado à Libéria na manhã de quinta-feira. Brantly também recebeu sangue de um menino de 14 anos que sobreviveu à febre hemorrágica. Ele começou a sentir os sintomas do vírus em 22 de julho e chegou aos EUA no sábado, quando foi internado em uma ala especial do Hospital Universitário de Emory, em Atlanta. Writebol, que trabalhava na desinfecção dos que tiveram contato com pacientes infectados com Ebora, adoeceu três dias depois do colega. Ela chegará hoje aos EUA e será instalada no mesmo hospital de Atlanta.
Uma fonte que acompanhou a aplicação do medicamento relatou à CNN que Brantly apresentou melhoras “dramáticas” apenas uma hora depois de receber o soro. A resposta de Writebol, porém, foi menos efetiva, e a missionária precisou receber uma segunda dose antes de embarcar em condições estáveis para os EUA.
Segundo o jornal Times of San Diego, a Mapp Biopharmaceutical trabalha com parceiros comerciais e governamentais para aumentar rapidamente a produção do soro. “Estamos no meio de um intenso esforço para ajudar a resolver o surto de Ebola na África Ocidental”, afirmou Larry Zeitlin, presidente da empresa. Acredita-se que os americanos contraíram o vírus de outro profissional de saúde da Libéria. Antes de receberem o tratamento experimental, Brantly e Writebol foram informados de que o medicamento não havia sido testado em humanos. Experimentos com macacos apresentaram resultados promissores.
A substância foi criada a partir de anticorpos produzidos por um camundongo infectado para combater o vírus. Segundo a rede NBC, a droga é uma combinação de dois agentes produzidos pela Mapp Biopharmaceutical e pelos laboratórios Defyrus, com sede em Toronto. Um dos ingredientes é o MB-003, descrito em documentos divulgados pela empresa americana como um “coquetel de anticorpos monoclonal”. “Dos animais tratados (com o agente), 43% sobreviveram ao teste. Os resultados representam uma terapia de sucesso para a infecção de ebola em primatas não humanos”, informa o estudo.
Um médico de Lagos foi confirmado como o segundo caso de ebola na maior cidade da Nigéria. O profissional de saúde tratou do liberiano Patrick Sawyer, infectado pelo vírus e que morreu no mês passado. Onyebuchi Chukwu, ministro nigeriano da Saúde, afirmou que outras 70 pessoas suspeitas de terem tido contato com o paciente eram monitoradas e oito delas foram colocadas em quarentena.
Protesto
Enquanto o temor de que a epidemia atinja a maior economia da africana crescia, moradores de Monróvia, na Libéria, protestavam contra a dificuldade do governo local em responder à crise. Segundo a agência de notícias France-Presse, os serviços sanitários do país estão sobrecarregados e corpos foram abandonados nas ruas. A população, com medo, foi às ruas protestar. O vice-ministro liberiano da Saúde, Tolbert Nyensuah, afirmou que terrenos foram comprados pelo Estado para enterrar as vítimas.
Em Serra Leoa, autoridades recomendaram aos moradores que permaneçam em casa. O presidente, Ernest Bai Koroma, pediu união para que o país possa reagir à ameaça. “Esta é uma luta coletiva. A própria essência da nossa nação está em risco”, afirmou.
Caso suspeito em hospital de NY
Um homem que recentemente esteve na África Ocidental deu entrada na emergência do Hospital Monte Sinai, em Manhattan, com sintomas compatíveis com a infecção do ebola. O paciente, que teve sua identidade preservada, foi colocado em isolamento, enquanto é submetido a exames de sangue para detecção do vírus ou diagnóstico de outra doença. Dorie Klissas, porta-voz do Monte Sinai, não informou quando o resultado dos testes ficará pronto.
“Vamos continuar a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades de saúde federais, estaduais e municipais”, limitou-se a dizer Klissas, por e-mail, à agência Reuters. O paciente deu entrada no hospital domingo à noite. Sobre os eventuais riscos às pessoas que estavam na emergência e as que permanecem internadas no hospital, Klissas destacou que “todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para garantir a segurança de todos os pacientes, visitantes e funcionários”.
Ian Michaels, porta-voz da New York City Saúde e Hospitais Corporation, informou que na semana passada outro paciente foi isolado em outra clínica nova-iorquina. Ele também havia desembarcado de um voo da África Ocidental, apresentando febre. No dia seguinte, a temperatura dele já estava normal, descartando a contaminação pelo ebola. “Estamos em alerta”, disse ele.
Os sintomas do ebola incluem febre, dores de cabeça, nas articulações e musculares, fraqueza, diarreia, vômitos, dor estomacal, falta de apetite e, em alguns casos, hemorragia. Segundo Stephan Monroe, especialista em doenças infecciosas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o vírus “é transmitido por contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada ou após a exposição a objetos, como seringas, que estejam contaminados com secreções contaminadas”.
“O ebola não é contagioso até que apareçam os sintomas”, assinalou Monroe. Ele considerou “muito improvável” que o ebola seja transmitido entre pessoas em um espaço fechado, como um avião ou um trem, já que é necessário o contato direto com as secreções corporais. “A maioria das pessoas que se infecta com o Ebola convive (familiares ou trabalhadores da saúde) com as pessoas que já sofrem da doença e manifestam os sintomas”, explicou.
Cadeiras vagas
Diante da epidemia de ebola, os presidentes de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, e da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, recusaram o convite para participar da primeira cúpula entre Estados Unidos e África, em Washington. Representantes de cerca de 50 países foram convidados para o encontro, que termina amanhã. O Banco Mundial anunciou a liberação de US$ 200 milhões para enfrentar a epidemia.
A organização Samaritan’s Purse, para a qual Brantly e Writebol trabalhavam, confirmou que os americanos receberam doses de um soro experimental enquanto ainda estavam na Libéria. O medicamento foi levado congelado dos EUA e teria chegado à Libéria na manhã de quinta-feira. Brantly também recebeu sangue de um menino de 14 anos que sobreviveu à febre hemorrágica. Ele começou a sentir os sintomas do vírus em 22 de julho e chegou aos EUA no sábado, quando foi internado em uma ala especial do Hospital Universitário de Emory, em Atlanta. Writebol, que trabalhava na desinfecção dos que tiveram contato com pacientes infectados com Ebora, adoeceu três dias depois do colega. Ela chegará hoje aos EUA e será instalada no mesmo hospital de Atlanta.
Uma fonte que acompanhou a aplicação do medicamento relatou à CNN que Brantly apresentou melhoras “dramáticas” apenas uma hora depois de receber o soro. A resposta de Writebol, porém, foi menos efetiva, e a missionária precisou receber uma segunda dose antes de embarcar em condições estáveis para os EUA.
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Um médico de Lagos foi confirmado como o segundo caso de ebola na maior cidade da Nigéria. O profissional de saúde tratou do liberiano Patrick Sawyer, infectado pelo vírus e que morreu no mês passado. Onyebuchi Chukwu, ministro nigeriano da Saúde, afirmou que outras 70 pessoas suspeitas de terem tido contato com o paciente eram monitoradas e oito delas foram colocadas em quarentena.
Protesto
Enquanto o temor de que a epidemia atinja a maior economia da africana crescia, moradores de Monróvia, na Libéria, protestavam contra a dificuldade do governo local em responder à crise. Segundo a agência de notícias France-Presse, os serviços sanitários do país estão sobrecarregados e corpos foram abandonados nas ruas. A população, com medo, foi às ruas protestar. O vice-ministro liberiano da Saúde, Tolbert Nyensuah, afirmou que terrenos foram comprados pelo Estado para enterrar as vítimas.
Em Serra Leoa, autoridades recomendaram aos moradores que permaneçam em casa. O presidente, Ernest Bai Koroma, pediu união para que o país possa reagir à ameaça. “Esta é uma luta coletiva. A própria essência da nossa nação está em risco”, afirmou.
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Os sintomas do ebola incluem febre, dores de cabeça, nas articulações e musculares, fraqueza, diarreia, vômitos, dor estomacal, falta de apetite e, em alguns casos, hemorragia. Segundo Stephan Monroe, especialista em doenças infecciosas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o vírus “é transmitido por contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada ou após a exposição a objetos, como seringas, que estejam contaminados com secreções contaminadas”.
“O ebola não é contagioso até que apareçam os sintomas”, assinalou Monroe. Ele considerou “muito improvável” que o ebola seja transmitido entre pessoas em um espaço fechado, como um avião ou um trem, já que é necessário o contato direto com as secreções corporais. “A maioria das pessoas que se infecta com o Ebola convive (familiares ou trabalhadores da saúde) com as pessoas que já sofrem da doença e manifestam os sintomas”, explicou.
Cadeiras vagas
Diante da epidemia de ebola, os presidentes de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, e da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, recusaram o convite para participar da primeira cúpula entre Estados Unidos e África, em Washington. Representantes de cerca de 50 países foram convidados para o encontro, que termina amanhã. O Banco Mundial anunciou a liberação de US$ 200 milhões para enfrentar a epidemia.