Participarão dessa fase inicial do projeto internacional Kids (Crianças e o Diabetes nas Escolas) 15 escolas públicas e privadas, sendo 13 no estado de São Paulo e duas no Ceará, com um total de 15 mil estudantes. O programa é uma parceria entre a Associação de Jovens Diabéticos (ADJ Diabetes Brasil), a Federação Internacional do Diabetes e a empresa farmacêutica Sanofi, e conta com o apoio do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Diabetes e de Pediatria.
As crianças e adolescentes de 6 a 14 anos vão receber um kit lúdico explicativo, assistir a palestras, debates, entre outras ações. Os professores também serão treinados para reconhecer e orientar melhor os alunos sobre a doença. Essa fase inicial ocorre até dezembro. Mais 42 instituições estão inscritas para participar da próxima etapa.
David Chaney, representante da Federação Internacional de Diabetes, destaca que a doença já é uma epidemia global. Segundo ele, existem atualmente 382 milhões de diabéticos em todo o mundo. A previsão é que, até 2035, esse número suba para 596 milhões.
Aproximadamente 79 mil crianças são diagnosticas por ano em todo o mundo, informou David. Ele avalia que o público infantil sofre ainda mais com a ignorância em relação ao diabetes. “As crianças acabam sofrendo de estigma e isolamento, não participam das atividades . Temos que prevenir essa discriminação, já que as crianças deveriam fazer todas as atividades”, disse ele.
Walter Menicucci, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, disse que o desconhecimento sobre o assunto ainda é grande. Muitos pais encontram dificuldades para matricular os filhos diabéticos nas escolas. “Você ouve : Diabetes pega? Mas ele fica furando o dedo, parece um viciado!”, contou.
Lisandra Paes, coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Derville Allegretti, que foi a primeira a implantar esse projeto piloto, conta que as ações foram satisfatórias na instituição. “O resultado para o aluno diabético é imenso, porque quando o professor sabe reconhecer que ele está com sintoma de hipoglicemia, por exemplo, pode ser socorrido”.
Ela informou que na escola onde o programa foi implantado, no dia seguinte ao treinamento feito com os professores, um docente conseguiu detectar os sintomas da doença em uma estudante. “Essa aluna não contou para a escola porque tinha medo do preconceito”, disse Lisandra.
A coordenadora disse ainda que tem uma filha adolescente diabética. A garota passou, quando criança, por várias recusas de matrículas em escolas em razão da doença. “A falta de conhecimento é o que gera o preconceito”, lembrou.