Você tem mais de 60 anos e mora em BH? Conheça o programa Universidade Aberta para Terceira Idade

Projeto da UFMG usa interação, palestras, atividades físicas e culturais para chamar idosos a reinventar seu mundo

por Zulmira Furbino 04/08/2014 13:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Euler Júnior/EM/D.A Press
A pedagoga aposentada Thália Vinícia procura se manter atualizada (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Thália Vinícia Mesquita Noronha é pedagoga aposentada, tem 76 anos, e anda de bem com a vida. Gosta de estar em dia com as coisas do mundo e com a tecnologia. Quando se encontra com um de seus antigos alunos, se orgulha de sempre ter uma palavra à altura deles. “Fui educadora por 40 anos. O conhecimento do mundo contemporâneo é muito importante para o idoso. Do contrário, ele passa a ser invisível”, resume. Teresinha Quirino dos Santos Araújo, de 69, pianista. Depois de se aposentar e ficar viúva, procurava algo que preenchesse o seu tempo de uma maneira alegre. Encontrou e hoje comemora o que define como “um renascimento pessoal”.

Além de ser maiores de 60 anos e aposentadas, há outra coisa em comum entre Thália e Teresinha: ambas frequentam o programa Universidade Aberta para a Terceira Idade – Projeto Maioridade, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fundado há 22 anos. Segundo Marcella Assis, coordenadora da iniciativa, o objetivo é estimular o envelhecimento saudável e com qualidade de vida. Para isso, uma série de atividades realizadas entre em agosto e dezembro são oferecidas aos adultos com mais de 60 pela UFMG. Este ano, o projeto será iniciado na quinta-feira com a palestra “Reiventando o curso da vida”, aberta à comunidade.

Na versão 2014, o programa Universidade Aberta para a Terceira Idade começa este mês discutindo envelhecimento e saúde nessa fase da vida. Os debates contam com mesa-redonda, oficinas, palestras e uma conferência. Paralelamente, são oferecidas atividades físicas e socioculturais. Em setembro, o tema muda para movimento e qualidade de vida, com direito a caminhada rústica na estação ecológica da UFMG, aulas de chi kung (exercícios respiratórios), além de outros tipos de atividade física. Em outubro, o grupo discute como lidar com perdas, memória e afeto. Em novembro, a temática é o cotidiano e a cultura, passando pelas ofertas de lazer na cidade, visita guiada ao Museu Mineiro, aula de ópera e concerto comentado. Segundo Marcella, durante o projeto a integração entre os idosos e os professores é intensa. “Ao mesmo tempo em que a universidade tem o conhecimento da academia, os idosos trazem o conhecimento que adquirem ao longo da vida. É uma troca de saberes”, resume.

CONVIVÊNCIA De acordo com a geriatra Karla Giacomin, que acompanha os trabalhos do projeto da UFMG desde 1997, a iniciativa mudou muito desde que começou. “No início, os idosos se envolviam menos e tinham menos oportunidades de convivência uns com os outros. Hoje, participam da elaboração dos projetos sugerindo, interferindo e ajudando na escolha dos temas a serem abordados”, diz. De acordo com ela, há pessoas, como é o caso de Thália e Teresinha, que permanecem no projeto e criam laços, ligando-se à vida de várias maneiras, seja pela troca de informações ou pela criação de uma rede de amizades e de solidariedade.

“Participo há quatro anos. Na vida a gente não para de aprender e sempre gostei disso. Também havia a necessidade de socialização e de conhecer outras pessoas”, explica Thália. Para ela, um dos maiores ganhos trazidos pelo projeto em sua vida é o retorno da gratificação emocional que ela tinha quando ainda trabalhava. “Num grupo como esse, muita gente ainda precisa de uma palavra de conforto”, justifica. No caso de Teresinha, que chegou a dar aulas de música para o grupo de canto do projeto, “um dos maiores ganhos de participar desse projeto foi a possibilidade de fazer novos amigos”.

De acordo com Karla Giacomin, o programa é heterogêneo e atinge tanto pessoas que vivem em instituições de longa permanência como aquelas que estão em melhores condições sociais. “Cada um participa no limite de seu interesse e capacidade. Claro que há grupos mais interativos e demandantes, enquanto outros não fazem muitas intervenções. É bonito porque cabe todo mundo e cada um aproveita da forma como acha melhor”, observa.

Serviço
O projeto Maioridade/2014 começa no dia 7 com a palestra “Reinventando o curso da vida”, que será ministrada no Conservatório da UFMG (avenida Afonso Pena, 1.534). A participação no evento é livre, mas os interessados em fazer o programa devem se inscrever no local, pois há somente 50 vagas. A Universidade Aberta para a Terceira Idade começa este mês e segue até 1º de dezembro, sempre às segundas e quintas-feiras.