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A psicóloga Isabel Cristina Ribeiro, que trabalha com pacientes em processo de perda e manutenção de peso no Centro Terapêutico Ravenna de Brasília, afirma que é comum os pacientes terem problemas na relação com a comida por conta de ansiedade e depressão. “Trabalhamos com grupos terapêuticos e focamos na relação dos pacientes com a alimentação, ensinamos como lidar com as emoções de maneira saudável de forma que as frustrações não sejam descontadas na comida.”
A aposta de Ravenna em fazer o paciente participar de sessões em grupo com mais de 20 pessoas é baseada na crença do poder da troca de informações e motivação entre as pessoas. “Ouvir relatos de gente que estava passando pela mesma situação que eu foi fundamental para que o tratamento desse certo”, acredita o servidor público Jorge Paulo de França Júnior, de 37 anos. Ele começou o tratamento em abril do ano passado, quando pesava 140kg. Desde então, 55kg foram embora. Jorge tem hoje 85kg, peso que vem mantendo há seis meses. “Aprendi a controlar a ansiedade. Percebi como é a minha relação com a comida. No meu caso, foi muito claro ver a diferença entre a fome e a vontade de comer. Quando você não está fazendo nada em casa e abre a geladeira, não quer dizer que você está com fome. Passei a observar o papel que a comida tem na minha vida”, conta Jorge.
Para ele, o valor da comida atualmente é principalmente nutricional. “Claro que há o prazer de comer, tem os jantares com os amigos, mas as escolhas que eu faço são diferentes. Busco as alternativas saudáveis onde quer que eu vá. Não me lembro da última vez que comi um hambúrguer ou pizza, e eu realmente não sinto falta, porque sei que esses alimentos não fazem bem para o meu corpo.”
“Já estava muito desacreditada porque já havia tentado tudo para perder peso, mas fui vendo que tinha resultado que ia além do emagrecimento, mas também na mudança do meu modo de viver. Eu nunca tinha feito exercício físico e fui me estimulando a cada passo”, conta a médica Cira Costa, de 51 anos. Ela perdeu 75kg em um ano e dois meses e mantém os 62kg que tem hoje há seis meses, depois de ter chegado a pesar 137kg com o passar dos anos e após duas gestações.
Cira acredita que o acompanhamento multidisciplinar tenha sido o grande diferencial para que ela obtivesse sucesso na jornada depois de passar uma vida inteira fazendo dietas. “Já tinha tentado emagrecer com acompanhamento de uma médica e com outros dois métodos, mas a cada dieta nova eu perdia cada vez menos peso e engordava mais. Era um eterno efeito-sanfona. Quando você faz só uma dieta, acaba fazendo sozinha e, em algum momento, o estresse e a ansiedade apareciam e eu começava a comer de novo, não tinha fixado o modo de comer diferente. A parte da psicoterapia vai direto na origem do problema. O contato com outros pacientes ajuda e nós buscamos juntos outras formas de lidar com essas sensações. A ideia é desvincular isso da alimentação, que é para nos satisfazer nutricionalmente e não ser algo que vai sanar um problema emocional.” A nutricionista e gestora do centro Ravenna de Brasília, Isadora Fadul, complementa que “faz parte do processo investigar o que está por trás do comer errado e de forma compulsiva, usamos todos os eixos para tratar disso.”
Lenta, gradual e efetiva
O estudante Octávio Torres, de 23 anos, perdeu 45kg ao longo de dois anos de emagrecimento e um ano de troca de gordura por massa magra. Ele contou com o acompanhamento de uma nutricionista e pratica atividade física regularmente. “No começo, era bem difícil, a dieta era muito restritiva, mas eu fiz. A partir do momento em que se faz acompanhamento nutricional, o resultado é um pouco demorado, mas ele vem. Não existe mágica, tudo funciona a longo prazo”, avalia. Entre as maiores mudanças de rotina para Octávio, estava estabelecer horários para comer e evitar fast-food e refrigerantes. “Era uma mudança drástica de costumes buscando mais qualidade de vida. Era por saúde e tive muito apoio de todo mundo.”
Para evitar
Quem quer perder peso e ter uma alimentação mais saudável precisa abrir mão de consumir com frequência alguns alimentos. Disso, não há dúvidas. Os vilões da perda de peso e da saúde existem e costumam ter componentes artificiais. Confira o que os especialistas listaram como alimentos ruins, que devem ser consumidos apenas muito ocasionalmente.
- Produtos industrializados e processados, como sorvete
- Produtos com agrotóxicos e corantes
- Adoçantes
- Refrigerantes
- Sal de adição
- Bebida alcoólica
- Farinha branca, encontrada em pães e massas
- Açúcar e outros produtos refinados
Emagreceu? Como não cair em tentação
Qualquer pessoa que consiga vencer o desafio de perder peso de maneira saudável chega a um momento que costuma ser tenso. É a hora de manter o foco para não retroceder.
Para o médico especializado em emagrecimento Sérgio Barrichello, é nessa hora que as dietas ruins mostram que não são tão eficientes. “Hoje existem diferentes dietas visando o emagrecimento. São todas efetivas na perda de peso, basta que sejam feitas. O grande problema é a manutenção delas. Quando a dieta não é balanceada ou não respeita a quantidade de calorias que uma pessoa precisa por dia, naturalmente há uma resistência à dieta e a pessoa volta a engordar.”
De acordo com Barrichello, o segredo de uma dieta de sucesso está na escolha de nutrientes amplos e alimentos diversificados. Quando se tem uma dieta equilibrada e bem balanceada, o paciente consegue ter uma sensação de saciedade e diminuir o volume de alimentos ingeridos. É possível, então, manter a alimentação toda a vida de maneira regular, combinada com exercício físico. “É importante fazer uma dieta cujo objetivo não seja a perda de peso num curto período de tempo. Esse tipo de dieta normalmente tem uma quantidade de calorias muito baixa e diminui a capacidade energética da pessoa. O efeito sanfona acontece porque, depois que a pessoa volta a ingerir calorias, o corpo vai entender que aquele foi um período de doença e vai estocar ainda mais gordura”, explica o médico.
“Com o efeito sanfona, todo o organismo fica desequilibrado. As células ficam enlouquecidas e não têm o funcionamento adequado. Se a célula não é nutrida, ela não vai exercer função dela e a pessoa pode gastar massa magra e estocar gordura, o que é errado”, complementa a nutricionista funcional Andrezza Botelho. De acordo com ela, entre os perigos de se aventurar por conta própria em qualquer dieta também estão desnutrição, queda de energia, dores de cabeça, desnutrição celular, alteração de exames químicos e mesmo o possível desenvolvimento de osteoporose a longo prazo.