Com base no crescimento demográfico, a International Osteoporosis Foundation (OIF) estima que, no Brasil, o número de fraturas por osteoporose – doença que se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea e pelo aumento da fragilidade dos ossos – seja multiplicado em mais de cinco vezes, saltando de 124 mil no Brasil para 639 mil ao ano até 2050. “Até 25% dos fraturados morrem no primeiro ano em que sofreram a fratura. Além disso, de cada 100 pessoas que tiveram o fêmur fraturado, 25 vão enfrentar problemas como embolia, pneumonia e infecções decorrentes da própria fratura”, informa Bruno Muzzi Camargos, ginecologista e especialista em densitometria óssea e osteometabolismo. De acordo com ele, entre os que sobrevivem, 50% passam a depender de um cuidador de forma permanente e apenas 20% voltam às atividades normais.
Para evitar esse problema, o melhor caminho é a prevenção. O ortopedista Ildeu Almeida, presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, explica que é importante fazer uma “reserva óssea” desde a infância. “A prática de esportes, aliada a uma vida saudável e à boa alimentação vão determinar a formação de um bom estoque ósseo”, explica. Aqueles que acreditam que não possuem essa “poupança”, devem adotar uma dieta mais rica em cálcio e fazer exercícios físicos porque, do contrário, as perdas de massa óssea serão maiores, o que muito cedo pode levar à osteoporose.
Além dessa mudança de hábitos, o sol ocupa um papel fundamental na prevenção da doença. “As pessoas só se lembram da saúde óssea quando começam a perdê-la. Mas a osteoporose é um mal geriátrico que tem prevenção pediátrica”, explica Camargos. Segundo o especialista, a criança que cresce em frente ao videogame, comendo fast-food e tomando refrigerante é uma forte candidata a sofrer de osteoporose depois da idade adulta. “Exercício físico, cálcio e vitamina D são as coisas mais importantes para a manutenção da saúde óssea”, define. Para garantir o estoque de vitamina D no corpo por uma semana, basta tomar sol em cerca de um terço do corpo (as duas pernas ou os dois braços, por exemplo) por 20 minutos, sem protetor solar. No caso de contra-indicações, como risco de câncer de pele, é possível ingerir a vitamina em gotas.
Junto com o cálcio e os exercícios físicos, a vitamina D forma o tripé essencial para que se possa ter ossos saudáveis. “Não adianta cálcio sem vitamina D. É um casamento. O cálcio é o ator principal e a vitamina D possibilita a entrada dele na corrente sanguínea”, explica Bruno Camargos. Com a vitamina D, o intestino aproveita melhor o cálcio ingerido por uma pessoa. Além de fortalecer os ossos, o cálcio também é responsável pelo bom funcionamento dos músculos, inclusive o coração e o diafragma, e até pelos impulsos nervosos do cérebro. Na falta dele, o organismo tira o cálcio das reservas que se encontram no esqueleto. “O esqueleto é a nossa poupança de cálcio e a alimentação é a nossa conta corrente”, compara o médico.
A necessidade de ingestão diária de cálcio é de 1.000 miligramas ao dia, mas conseguir atingir a meta não é nada fácil. Um copo de leite contém 250 miligramas (mg) de cálcio, meio prato de couve 80 mg e uma fatia de queijo Minas do tamanho de uma caixa de fósforos 250 mg. Ou seja: não é simples suprir nas necessidades diárias desse elemento num só dia. Para facilitar a vida de quem precisa ingerir mais cálcio, a indústria de laticínios já lançou produtos fortificados como iogurtes, que concentram 500 mg de cálcio numa só porção. “Nenhum preparador físico ou nutricionista recomenda uma dieta pobre em cálcio porque a falta dele dificulta a queima da gordura. O cálcio é importante para todas as funções bioquímicas do corpo”, resume.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2008 e 2013 houve um aumento de quase 30% nas fraturas de fragilidade em idosos. Foram 67.664 em 2008 e 85.939 em 2013. Hoje, o Brasil possui cerca de 14,9 milhões de pessoas idosas, o equivalente a 7,4% do total da população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos no país deve atingir a marca de 58,4 milhões em 2060. Neste período, a expectativa de vida também deve aumentar dos atuais 75 anos para 81 anos.
Dependendo do grau de saúde do osso, é importante a avaliação médica especializada. “De acordo com o grau de perda óssea, existem medicamentos de uso oral, nasal, venoso ou subcutâneo. As medicações avançaram muito. Antes o paciente tinha que tomar um comprimido diário, hoje pode ser um por semana, um por mês ou uma dose venosa anual”, diz. Na questão ortopédica, o avanço do tratamento das fraturas conta com instrumentais específicos para ossos frágeis, como é o caso da placa de ângulo fixo desenvolvida especificamente para ossos osteoporóticos. “Trata-se de uma placa com parafuso, que envolve não só o osso, mas a própria placa”, explica Ildeu Almeida.
ENQUANTO ISSO...
Congresso em tiradentes
Ortopedistas de todo o país reúnem-se de 14 a 16 de agosto, no 19º Congresso Mineiro de Ortopedia e Traumatologia, em Tiradentes, na região Central de Minas. O evento, organizado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia/Regional Minas Gerais, tem o objetivo de debater, entre outros temas, a atualização no tratamento da osteoartrose, inovações na abordagem das infecções osteoarticulares e os avanços recentes no trauma ortopédico. Serão 70 palestras de 12 subespecialidades ortopédicas (trauma, coluna, ombro, mão, quadril, joelho, pé/tornozelo, pediátrica, oncologia, osteometabólica, alongamento/ reconstrução e medicina esportiva) e 21 mesas redondas com discussão de casos reais de maior complexidade e de alta relevância no treinamento dos especialistas.
O que é
Importante mineral que o organismo precisa para realizar grande número de funções
Para que serve
- Formação e manutenção de ossos e dentes
- Coagulação do sangue
- Transmissão de impulsos nervosos
- Regulação do ritmo cardíaco
Como acontece a absorção pelo organismo
- Cerca de 99% do cálcio presente no corpo humano está armazenado nos ossos e dentes, enquanto apenas 1% circula pelo sangue e em outros tecidos. O organismo realiza suas funções vitais obtendo cálcio de duas maneiras: pela alimentação ou retirando-o dos ossos
- Diariamente, ocorre pequena perda de cálcio pela urina. É importante repor essa perda por meio da alimentação
- O cálcio presente em diversos alimentos é absorvido pela parede do intestino delgado
- Para que ocorra uma adequada absorção, é necessária a presença da vitamina D3, que só se faz presente no organismo com a exposição do indivíduo aos raios solares ou com a adoção de uma alimentação rica em fontes dessa vitamina
Os campeões
Amêndoas: 1/3 de xícara contém 50 miligramas
Melado escuro: 1 colher de sopa contém 137 miligramas
Alga hijiki seca: 1/4 de xícara contém 162 miligramas
Hummus (pasta árabe de grão de bico): 1/2 xícara contém 81 miligramas
Quinoa (cereal andino): 1 xícara contém 50 miligramas
Tahine (pasta de gergelim): 2 colheres de sopa contêm 128 miligramas
Tofu: 1/4 de xícara contém 430 miligramas
Alga wakame seca: 1/4 de xícara contém 104 miligramas