'Cinquenta tons' é também o longa com o melhor desempenho em redes sociais de 2014, com 1,2 milhão de curtidas no vídeo divulgado no Facebook, em apenas 24 horas. E ainda faltam seis meses para a estreia. Veja o trailer:
As imagens adiantam algumas cenas do romance e das cenas de sexo entre os protagonistas, com insinuações sadomasoquistas e detalhes que mostram a diferença de comportamento entre o casal, principalmente no início da trama. Um dos aspectos que chamam a atenção na história é que a jovem vive um dilema entre a atração que sente pelo poderoso Grey e as imposições que ele faz, incluindo a assinatura de um contrato transferindo a ele o controle total e irrestrito sobre a vida de Anastasia.
saiba mais
-
Vídeo de 'orgasmo cerebral' é sucesso com dezenas de milhões de acessos no Youtube
-
Nem sempre a ausência de orgasmo é um problema psicológico
-
Pesquisa revela que 30% das argentinas têm dificuldade para atingir orgasmo
-
Masturbação infantil: como lidar com a descoberta dos órgãos sexuais pelas crianças?
-
Designer quer arrecadar 35 mil dólares para desenvolver game de masturbação feminina
-
Mito ou realidade: existe o superorgasmo? Fomos atrás da resposta
-
Homem brasileiro é avaliado como melhor amante entre os latinos; quem ficou em último?
-
Ciência finalmente comprova que o ponto G não existe, mas a ditadura do orgasmo sim
Nesta quinta-feira (31), celebra-se o Dia Mundial do Orgasmo. Celebra-se? Para cerca de 40% das brasileiras, 30% das argentinas e 25% das norte-americanas, não. Elas enfrentam a anorgasmia, ou seja, a ausência de orgasmo, que se divide em primária, quando a mulher nunca chegou ao clímax; e a secundária, em que ela deixou de ter a sensação por algum motivo. De acordo com a ProSex, pesquisa sobre sexualidade realizada pela Universidade de São Paulo (USP), 51% das brasileiras têm dificuldade para atingir o clímax.
A sexóloga Sônia Fonseca explica que essa dificuldade é considerada uma disfunção sexual e deve ser tratada. A falta de lubrificação, o retardo ou a ausência do orgasmo, a dor durante, antes ou depois do ato – também são situações que devem ser avaliadas. Elas podem afetar o desejo, a excitação, o orgasmo e também a resolução - quando a mulher não sente prazer e bem-estar logo após a relação.
Entre as causas físicas da anorgasmia, estão a compressão do nervo pélvico e suas ramificações, o desequilíbrio hormonal, o uso de alguns medicamentos e drogas, tumores e doenças que deixem o organismo debilitado (saiba mais na infografia logo abaixo).
Já as causas psicológicas incluem a vergonha do próprio corpo, a depressão e a falta de comunicação com o parceiro, mas também as pressões culturais que ainda exercem controle sobre os papéis que o feminino supostamente pode exercer na sociedade. “A mulher fica muito dividida entre o sagrado e o profano, o certo e o errado. Muitas resistem, inicialmente, ao estímulo provocado pela masturbação, por exemplo, porque isso representaria a perda de uma imagem pura - uma vez que a masturbação tem como objetivo o prazer, puro e simples. Por isso, ainda é comum que mulheres, assim que atingem a menopausa e concluem sua fase reprodutiva, digam que também encerraram suas atividades sexuais. Predomina o pensamento do 'posso, mas não devo', e isso é mais comum do que se imagina”, alerta a psicóloga.
Esse condicionamento pode ser prejudicial em vários sentidos e aspectos da vida da mulher. Um deles é o aspecto sexual. A masturbação é um dos caminhos para enfrentar a anorgasmia e voltar a ter controle sobre o próprio corpo e sobre o prazer. “Ao contrário do ato sexual, que pode ter outras finalidades como a reprodução, a troca de carícias, o carinho, a intimidade; a finalidade da masturbação é o orgasmo. E todos nós temos a possibilidade de atingir o orgasmo, se quisermos”, reforça Sônia Fonseca.
Entre as dicas da sexóloga para as pacientes, está a compra de massageadores, vibradores, dilatadores, cremes e géis que aumentem a lubrificação e facilitem o caminho dos estímulos nervosos pelo corpo. É possível também a indicação de trabalho fisioterápico e medicamentoso, com encaminhamento aos especialistas de cada área, em um trabalho interdisciplinar.
Se há vários recursos, porque muitas mulheres desistem, mesmo antes de tentar? Para a especialista, apesar de tantas lutas pela liberação do lugar feminino no mundo, no mundo do trabalho e dos direitos, muitas mulheres não se sentem merecedoras do direito de desfrutar do sexo e do prazer. “Algo que os homens, muito mais naturalmente, sentem que podem”, pondera.
Aprendizado
As experiências iniciais podem ajudar a definir se uma mulher terá mais ou menos dificuldade para tomar as rédeas do próprio orgasmo. Só que é preciso entender que 'iniciais', aqui, dizem respeito também à infância. “Nossa vida sexual começa quando nascemos. Desde as experiências de carinho e amor, até a descoberta do corpo pela criança, que manipula os órgãos genitais e se sente bem consigo mesma – se ela é tratada com compreensão e tem sua autoestima valorizada, ela saberá que é merecedora de um vida prazerosa”, explica a psicóloga.
Mais adiante, quando o adolescente geralmente escolhe um parceiro e tem sua primeira relação genital com outra pessoa, um dos principais fatores para o bem-estar será a ternura, o carinho e o vínculo que há com esse parceiro. “A terapia sexual vai trabalhar as questões apresentadas pela mulher exatamente para que ela entenda que a disfunção sexual é natural e pode ser trabalhada. E é importante lembrar que o orgasmo não é de responsabilidade do outro. Não adianta jogar a culpa no parceiro que não 'tem pegada' e outras gírias do tipo. O orgasmo pode, e deve, ser treinado e aprendido”, resume a especialista.
Diferenças
Outra explicação interessante está na diferença das estatísticas entre os países. “No Brasil, falta informação e sobra censura, principalmente para quem passou dos 40 anos. Muitas mulheres levam a vida sexual no casamento como uma obrigação, não conhecem o próprio corpo e não se permitem o prazer”, lamenta Sônia Fonseca.
Um estudo realizado com 999 mulheres entre 41 e 60 anos, no Ambulatório de Ginecologia Endócrina e Climatério da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, concluiu que depois da menopausa, a capacidade orgástica relacionou-se positivamente com o relacionamento mais afetivo com o companheiro e com a prática da masturbação. Mesmo no caso das mulheres que apresentaram secura vaginal, a prática da masturbação e o carinho com o parceiro garantiam número satisfatório de orgasmos, se comparados com a frequência das relações.
Já as participantes que não apresentavam pelo menos uma dessas características apontaram desconforto e dor como fatores para evitar, sempre que possível, a experiência sexual.
50 e tantos tons
Nessa busca pelo prazer, tão cheia de obstáculos, por que o filme ‘Cinquenta tons de cinza’ é aguardado com tanta ansiedade? Pode ser uma simples curiosidade, mas a resposta pode passar também pela identificação.
Sônia Fonseca faz um paralelo entre as fantasias sexuais mostradas na ficção de ‘Cinquenta tons de cinza’ e o jogo de futebol. “Ali, dentro do estádio, eu posso me permitir xingar e gritar de uma forma bem diferente do meu cotidiano. Eu tenho, inclusive, respaldo coletivo - todos estão fazendo isso naquele ambiente. Os livros de E. L. James também conseguiram colocar dentro de um espaço coletivo algumas questões que estavam no imaginário das pessoas. O livro fez sucesso porque 'permite' esse imaginário, porque há identificação. A pessoa que não se identifica com a situação retratada provavelmente não finalizaria nem a leitura”, diz.
Embora aponte que a obra é limitada do ponto de vista erótico, a especialista considera que o estímulo visual trazido pelas imagens do filme ou pela imaginação a partir das cenas descritas no texto literário podem ser fonte de excitação. “Principalmente para as mulheres que têm mais dificuldade em exercitar esse campo da imaginação, a excitação pode ser um começo, pode ser um incentivo para experimentar”, conclui a sexóloga.