A mãe, Ricardene Barreira Ribeiro, 47 anos, recebe pensão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de pouco mais de R$ 700, paga R$ 400 de aluguel em casa no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO), e afirma: “Já passei fome para ele poder se alimentar Além do tamanho de gigante, ele come como um”, conta. Todos os móveis da casa são fruto de doação. As roupas também. O problema é que as calças e as camisas de Gabriel não duram muito tempo. Como ele cresce rapidamente, elas ficam curtas e apertadas. “Não tenho condições de comprar. Nem o chinelo dele está servindo direito. O que posso dar é educação e alimento”, completa a mãe.
A doença foi descoberta quando o menino tinha 4 anos, em 2008, mesmo ano em que o pai dele morreu. Segundo Ricardene, em 2010, conseguiu marcar uma cirurgia para o filho retirar o tumor da hipófise no Hospital de Base do Distrito Federal, mas o procedimento não ocorreu. “Eles nos colocaram em um corredor, disseram que não tinha maca. O Gabriel tem esse tamanho, mas é uma criança. Ele queria dormir, ficou superenjoado. Quando deu meia-noite, peguei o último ônibus e voltei para casa”, conta Ricardene.
Mãe de 12 filhos, a mulher nunca imaginou que pudesse ver um deles sofrer com uma doença tão rara. “É difícil porque as restrições financeiras são muitas. Ele tem outros problemas associados e ainda vivemos em uma sociedade preconceituosa”, comenta a mãe. Ricardene mudou-se para o Pedregal há 15 dias. Antes, morava em Santa Maria, onde conseguiu uma escola para o filho. Este é o primeiro ano do menino no colégio.
Ajude
Quem quiser auxiliar a família de Gabriel pode ligar para (61) 9349-8786 - Novo Gama (GO)
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Dificuldades
Em 2011, a Defensoria Pública deu entrada em uma ação para obrigar que o direito à saúde, assegurado na Constituição Federal, fosse garantido a Gabriel. O Hospital de Base do DF enviou um ofício solicitando que o menino fosse até a unidade de saúde para marcar nova consulta, mas Ricardene ficou doente. Um problema no fígado a deixou quatro meses em coma.
Desde então, as coisas pioraram. Ela não consegue fazer o tratamento para a hepatite C porque não tem com quem deixar os dois filhos que moram com ela. Gabriel também não toma nenhum remédio. “Acho que, no caso dele, é só a cirurgia mesmo”, afirma a mãe. Em decorrência da doença, o menino sente fortes dores de cabeça e já teve convulsões. Com pouco menos de 1,70m, a mãe do menino se desespera durante as crises. “Não tenho como carregá-lo. Na última crise, saí gritando no meio da rua. Parei os carros e as pessoas me ajudaram.”
Com grande carência, a mulher pede ajuda. Um tênis 46 para o filho, por exemplo. Gabriel, só pensa em uma coisa: “Queria um aparelho de DVD com controle e filmes de super-heróis. Gosto de todos, do Homem-Aranha, do Hulk, do Quarteto Fantástico”, diz tímido. A cirurgia também está entre os sonhos da moradora do Pedregal. “Os médicos dizem que não é possível retirar todo o tumor, mas tenho esperanças de que ele melhore”.
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF confirmou que, em 2010, o paciente realizou atendimento no HBDF, mas não consta no prontuário nenhuma inserção para procedimento cirúrgico. “No Distrito Federal, a unidade especializada para esse tratamento é o Hospital Universitário de Brasília (HUB). A secretaria conseguiu marcar uma consulta para o paciente no HUB para a próxima semana”, informa o documento.
Problema hormonal
O gigantismo é causado pela excessiva secreção do hormônio do crescimento durante a fase de crescimento. Pessoas com o distúrbio podem alcançar estaturas entre 2,30m e 2,72m. Na maioria dos casos, está associado a tumores benignos na hipófise, mas também pode ter relação com outras doenças. Os sintomas são dor de cabeça, altura muito acima da média, entre outros. Geralmente, o gigantismo é detectado por meio de exame de sangue. Um dos tratamentos é reduzir a produção do hormônio do crescimento no corpo ou recorrer a um procedimento cirúrgico se a produção excessiva for decorrente de um tumor.