

Em 22 de junho deste ano, depois mais de uma década convivendo com os avanços gradativos da enfermidade da sua mãe, Ana Heloísa resolveu contar o dia a dia desse desafio nas redes sociais. Ela criou a página no Facebook, Alzheimer, Minha mãe tem, e posta diariamente vídeos e casos sobre Anna Izabel, mostrando, inclusive, o que tem dado certo e errado no tratamento dela, além dos casos curiosos e engraçados entre as duas. A senhora não reconhece mais a filha e até isso é contado na rede com muito bom humor e respeito. Em menos de um mês, a página já alcançou mais de 3 milhões de acessos por pessoas do mundo inteiro, há mais de 135 mil internautas que acompanham as notícias e são muitos os comentários e mensagens. O que mais chama atenção de quem segue essa rotina pelo meio virtual é o carinho das duas. “Realmente, não esperava esse alcance todo. Tem pessoas de todos os cantos do mundo que me procuram. Percebi que há muitos passando pelos mesmos problemas”, comenta Ana Heloísa.
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A Associação Brasileira de Alzheimer alerta que a incidência da doença na população idosa praticamente dobra a cada 20 anos. A previsão é de que haja 65,7 milhões em 2030 e a 115,4 milhões em 2050 no mundo. Atualmente, 58% da população com Alzheimer encontram-se nos países desenvolvidos; percentual que atingirá os 72% em 2050. Para o especialista, o Alzheimer, o câncer e a Aids são os males de hoje e do futuro. A doença segundo o médico tem três fases. “Na primeira, a pessoa sofre o processo degenerativo cerebral, mas não há nenhum sintoma. Na segunda fase, há sinais de esquecimento, mas nada que prejudique a autonomia. terceira, há as alterações que começam a prejudicar a vida.”
DIAGNÓSTICO
Quanto mais cedo se diagnostica o mal, mais lento é o progresso da doença. É o caso da Anna Izabel. Segundo sua filha, na avaliação clínica feita pelo neurocientista, Anna acertou todas as perguntas que avaliam se a pessoa tem consciência sobre a data do dia do teste, o que comeu, quantos anos tem, entre outras. “É uma doença silenciosa, começa assintomática e vai se desenvolvendo. Quando há o diagnóstico, já se passaram uns 10 anos, então o tratamento fica limitado”, comenta Caramelli.

´É justamente em busca de um diagnóstico mais preciso e precoce que a medicina se debruça. “Muitas pesquisas hoje investigam os biomarcadores, substâncias que se acumulam no cérebro ou no sangue, que são típicas do Alzheimer. Isso abre a esperança de detectar mais rápido a doença”, aposta.
Amor é o remédio
Até o momento, não existe cura para a DA. Os avanços da medicina permitem que os pacientes tenham sobrevida maior e qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. As pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento das drogas para o tratamento. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades diárias por mais tempo. Acredita-se que parte dos sintomas da doença decorra de alterações em uma substância presente no cérebro, a acetilcolina, que se encontra reduzida em pacientes com Alzheimer, por isso um tipo de tratamento prevê medicações que inibem a degradação dessa substância.
“A doença em minha mãe progrediu lentamente, justamente por causa da medicação que ela toma, que conseguiu retardar os avanços do Alzheimer”, comenta Ana Heloísa, dizendo que, atualmente, sua mãe já não a reconhece, tem dificuldades para andar e falar. Ela conta com a ajuda de duas cuidadoras, e diz que o amor e o carinho são os melhores remédios para o paciente. O médico Paulo Caramelli diz que, é fundamental, como prevenção, a atividade física, boa alimentação e motivação intelectual constante. “Essas atividades podem retardar o aparecimento do Alzheimer. Conviver em um ambiente acolhedor, contribui para o paciente ter qualidade de vida”, conclui.
