Os avanços na compreensão da fibrose cística são incontestáveis. Entretanto, embora os cientistas já tenham parte das respostas sobre a origem da doença descrita pela primeira vez em 1938, restam muitas dúvidas sobre a eficácia dos tratamentos. A descoberta mais recente sobre ações medicamentosas foi detalhada na edição desta quinta-feira (24) da revista Science Translational Medicine. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (UCN), nos Estados Unidos, descobriram que a ação de dois remédios mais usados para combater o mal é limitada.
Acreditava-se que a combinação das substâncias lumacaftor e ivacaftor era promissora para estabilizar as anomalias genéticas por trás da fibrose cística. Apesar dessas evidências, a turma liderada pela pesquisadora-sênior Martina Gentzsch resolveu testar os benefícios da adesão. O lumacaftor é considerado um corretor. Ele equilibra os níveis da proteína epitelial CFTR, que fica na membrana das células de tecidos que produzem secreções, como as do pulmão, para facilitar o transporte de cloro para fora da membrana celular. O ivacaftor, por outro lado, é conhecido como potencializador. Isso porque mantém o canal de circulação do cloro aberto por mais tempo.
Gentzsch, que é professora assistente de biologia celular e fisiologia da UCN, resolveu olhar de perto o efeito da combinação das substâncias em diferentes mutações do gene que regula a CFTR. Para isso, realizou experimentos em laboratório. Primeiro, os pesquisadores cultivaram amostras de células epiteliais com fibrose cística em um ambiente similar a um pulmão humano. Em seguida, durante dois dias, trataram as estruturas doentes com o lumacaftor e observaram que o medicamento cumpriu o que prometia: aumentou a quantidade de CFTR na superfície da célula. Mas, quando o potencializador ivacaftor foi utilizado, a proteína CFTR corrigida apresentou um breve aumento na função antes de começar a se desestabilizar.
“Nossos resultados sugerem que a terapia crônica com a combinação de ivacaftor e lumacaftor pode ser menos vantajosa do que foi previsto por estudos de laboratório de curto prazo. Eles são consistentes com os resultados de ensaios clínicos recentes que mostraram melhorias na função pulmonar, mas muito modestas. Mais trabalho e pesquisa terão de ser feitos antes de que possamos perceber o potencial completo dessas drogas”, analisa a autora. Gentzsch espera que os testes in vitro levem os pesquisadores a encontrar maneiras de reduzir a incompatibilidade das duas substâncias.
Enquanto a busca por medicamentos continua, outros especialistas sugerem que os sintomas da doença possam ser amenizados com ajustes na alimentação. Isso porque a fibrose cística não afeta apenas o pulmão, mas também o intestino. Shawn Somerset, pesquisador da Universidade Católica Australiana, diz que a microbiota do segundo órgão está envolvida nas respostas imunes e inflamatórias causadas pela doença e, com isso, na produção aberrante de secreções. “Um fator importante e que pode ser mudado é a dieta, que deve incluir probióticos e prebióticos, que reduzem a inflamação crônica. É preciso também modular a ingestão de gorduras e carboidratos que não conseguimos digerir. Essas mudanças estão ao alcance de todos”, sugere o especialista.
Excesso de secreções
É uma doença hereditária que leva glândulas a produzirem secreções que enchem principalmente os pulmões e o trato gastrointestinal, provocando lesões. Dificuldade respiratória crescente e falhas na absorção de gorduras, proteínas e vitaminas estão entre as principais consequências do problema. A expectativa de vida de pacientes é baixa. De acordo com o Manual Merck de Informação Médica, metade deles vive em média três décadas.
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Gentzsch, que é professora assistente de biologia celular e fisiologia da UCN, resolveu olhar de perto o efeito da combinação das substâncias em diferentes mutações do gene que regula a CFTR. Para isso, realizou experimentos em laboratório. Primeiro, os pesquisadores cultivaram amostras de células epiteliais com fibrose cística em um ambiente similar a um pulmão humano. Em seguida, durante dois dias, trataram as estruturas doentes com o lumacaftor e observaram que o medicamento cumpriu o que prometia: aumentou a quantidade de CFTR na superfície da célula. Mas, quando o potencializador ivacaftor foi utilizado, a proteína CFTR corrigida apresentou um breve aumento na função antes de começar a se desestabilizar.
“Nossos resultados sugerem que a terapia crônica com a combinação de ivacaftor e lumacaftor pode ser menos vantajosa do que foi previsto por estudos de laboratório de curto prazo. Eles são consistentes com os resultados de ensaios clínicos recentes que mostraram melhorias na função pulmonar, mas muito modestas. Mais trabalho e pesquisa terão de ser feitos antes de que possamos perceber o potencial completo dessas drogas”, analisa a autora. Gentzsch espera que os testes in vitro levem os pesquisadores a encontrar maneiras de reduzir a incompatibilidade das duas substâncias.
Enquanto a busca por medicamentos continua, outros especialistas sugerem que os sintomas da doença possam ser amenizados com ajustes na alimentação. Isso porque a fibrose cística não afeta apenas o pulmão, mas também o intestino. Shawn Somerset, pesquisador da Universidade Católica Australiana, diz que a microbiota do segundo órgão está envolvida nas respostas imunes e inflamatórias causadas pela doença e, com isso, na produção aberrante de secreções. “Um fator importante e que pode ser mudado é a dieta, que deve incluir probióticos e prebióticos, que reduzem a inflamação crônica. É preciso também modular a ingestão de gorduras e carboidratos que não conseguimos digerir. Essas mudanças estão ao alcance de todos”, sugere o especialista.
Excesso de secreções
É uma doença hereditária que leva glândulas a produzirem secreções que enchem principalmente os pulmões e o trato gastrointestinal, provocando lesões. Dificuldade respiratória crescente e falhas na absorção de gorduras, proteínas e vitaminas estão entre as principais consequências do problema. A expectativa de vida de pacientes é baixa. De acordo com o Manual Merck de Informação Médica, metade deles vive em média três décadas.