A queda da libido, a diferença de recuperação em relação a cada tipo de parto e possibilidade de sentir dores são alguns dos questionamentos mais comuns. Para ajudar os casais que vão passar por essa fase, o Saúde Plena traz algumas respostas:
O que é puerpério?
É o período de recuperação logo após o parto. Segundo Ricardo Leão, envolve três etapas: o imediato (até dez dias depois do parto), o tardio (até 40 dias) e o remoto (de 40 dias até o próximo ciclo menstrual). Geralmente, os órgãos sexuais femininos se recuperam a partir do puerpério tardio, quando o útero retorna à sua posição normal, mesmo que com dimensões um pouco maiores do que antes. Além disso, os tecidos celulares voltam a ter a consistência mais enrijecida e o colo do útero se fecha novamente.
Aquele papo antigo, de que é necessário esperar 40 dias, é verdade?
Em geral, sim, é aconselhável que se espere entre 30 e 40 dias antes da primeira relação sexual. De acordo com o especialista, ela deve ocorrer, preferencialmente, depois de nova consulta médica, inclusive para indicar os métodos mais adequados de contracepção. “É importante lembrar que o período pode variar, de acordo com o tipo de parto e com a características de cada mulher, incluindo a tolerância à dor. Algumas pacientes, mesmo após esse tempo, ainda podem sentir-se desconfortáveis para ter relações sexuais. É importante respeitar o momento da mãe, pois só ela é capaz de determinar quando deve retomar sua vida sexual”, explica o médico.
Mesmo se a mulher não estiver sentindo dor, é importante respeitar esse prazo inicial?
Seja em parto via vaginal ou cesariana, o prazo de abstinência deve ser respeitado também para evitar infecções. “Devido a alterações fisiológicas da gravidez, a mãe geralmente fica com a imunidade baixa, além de, na maioria das vezes, ter sido exposta ao ambiente hospitalar e a procedimentos invasivos. Portanto, é importante seguir as orientações à risca para evitar infecções, dores desnecessárias, desidratação, descontinuação do aleitamento, entre outras possíveis complicações”, afirma o médico.
É normal que aconteça a diminuição da libido?
Sim. Responsável pela produção do leite, o hormônio prolactina também causa redução da libido e o ressecamento da vagina. Esse 'efeito colateral' geralmente vai diminuindo aos longo dos meses, mesmo se a mulher estiver amamentando. Além das variações hormonais, a rotina de alimentar o bebê sempre que ele solicita acaba por gerar cansaço.
São fatores físicos e emocionais, portanto. É natural uma dedicação maior ao bebê nessa fase. “Os prejuízos ao sono e o stress dos primeiros meses acabam reduzindo a motivação sexual. Por isso, é importante conversar sobre o assunto para evitar cobranças e discussões desnecessárias”, afirma Ricardo Leão. O retorno ao equilíbrio do corpo e da mente pode exigir um período de até seis meses, dependendo da pessoa.
Essas recomendações variam de acordo com o tipo de parto?
Podem variar sim. O parto via vaginal oferece uma recuperação melhor e mais rápida. As chances de complicações posteriores também são menores. Já no caso da cesariana, que é uma cirurgia de porte relativamente grande, é comum que as queixas de dores durem mais tempo e a primeira relação só aconteça, de forma confortável, após 60 dias. Mesmo naqueles casos de parto via vaginal realizado com corte e pontos, a cicatrização é muito mais rápida - cerca de uma semana. O corte realizado na cesariana é muito mais profundo e de cicatrização mais lenta.
Pode haver variação também em relação às experiências anteriores. A primeira gravidez costuma ser mais delicada. Quanto tudo é novo, pode haver mais receio e ansiedade. A partir da segunda e da terceira gestações, a recuperação pode ser mais tranquila e a mulher entende melhor quais são seus limites.
É verdade que a mulher lactante não corre o risco de engravidar?
Não, não é verdade. Há vários casos de mulheres que engravidaram no período pós-parto. “Algumas mulheres ovulam mesmo durante a amamentação, ou seja, por mais que a chance de uma fecundação seja menor, ela existe. Por isso indicamos que a primeira relação aconteça após uma consulta no fim do período de recuperação”, reforça o ginecologista.
Como os pais podem ajudar nessa fase?
Com muito carinho e compreensão. “Às vezes, escutamos relatos de maridos que não toleram a abstinência e insistem na relação. Por isso, até mesmo por questões médicas, é importante que o pai acompanhe as consultas do pré-natal e no pós-parto”, defende Ricardo Leão. De acordo com o especialista, o homem, por viver essa experiência de forma diferente da mulher, pode não entender e não acreditar nas queixas. “Alguns acham que é 'desculpa'. Se ele estiver mais integrado em todas as fases do processo e estiver sempre presente, a vida no pós parto será muito melhor”, pondera.
É normal ter medo?
Sim, mas não é necessário. Uma gestante e um casal bem orientados substituem o medo pela precaução. Eles já sabem o que podem ou não sentir, sabem que determinadas situações são corriqueiras e sabem da importância do companheirismo. “É possível, sim, que o casal saia desse período ainda mais unido, independentemente do tempo que será necessário para retomar a vida sexual plena e satisfatória para ambos”, conclui o especialista, coordenador da Clínica SantaFértil.