Saúde

Infecções por HIV registram queda no mundo, mas crescem no Brasil

Dos 35 milhões de pessoas que vivem com o HIV no mundo, 19 milhões não sabem que são soropositivos, alerta ONU

A América Latina tinha 1,6 milhão de soropositivos em 2013 (60% deles homens) e o número de novos infectados permaneceu estagnado, com um recuo de apenas 3% entre 2005 e 2013. No Brasil, o país da região com o maior número de portadores, o índice de novos infectados subiu 11%.
As mortes relacionadas com o vírus da Aids registraram queda de mais de um terço na última década, uma diminuição similar a do número de infecções, segundo um relatório das Nações Unidas. Em 2013, 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da Aids no mundo, uma queda de 11,8% em comparação com 1,7 milhão de mortes em 2012, segundo os números da ONU.


Além disso, o número representa uma queda de 35% na comparação com as 2,4 milhões de mortes registradas em 2004 e 2005. "Terminar com a epidemia da Aids é possível", afirmou Michel Sidibe, diretor Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids)."Restam cinco anos para estabelecer os objetivos, que foram cumpridos até agora. Os próximos cinco anos serão decisivos para os próximos 15", completou.

A queda no número de mortes foi acompanhada por uma redução das novas infecções, que passaram de 2,2 milhões em 2012 a 2,1 milhão em 2013. Desde 2001 o número de novas infecções (3,4 milhões naquele ano) registrou queda de 38%. O relatório destaca que 35 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2013, um número um pouco superior aos 34,6 milhões de 2012. "Dos 35 milhões de pessoas que vivem com o HIV no mundo, 19 milhões não sabem que são soropositivos", disse o diretor da Unaids.

África, o continente mais afetado
A África continua sendo o continente mais afetado pela doença, com 1,1 milhão de mortos em 2013, 1,5 milhão de novas infecções e 24,7 milhões de africanos que vivem com o HIV. África do Sul e Nigéria encabeçam a lista de países mais afetados e a Unaids recorda que na África subsaariana ainda é muito difícil o acesso às camisinhas: cada indivíduo sexualmente ativo tem acesso a apenas oito preservativos por ano em média.

A América Latina tinha 1,6 milhão de soropositivos em 2013 (60% deles homens) e o número de novos infectados permaneceu estagnado, com um recuo de apenas 3% entre 2005 e 2013. No Brasil, o país da região com o maior número de infectados, o índice de novos infectados subiu 11%.

Na Ásia, os países que mais preocupam são Índia e Indonésia, onde as infecções aumentaram 48% desde 2005. O relatório da Unaids destaca os avanços no acesso aos tratamentos antirretrovirais, com 12,9 milhões de pessoas atendidas em 2013, contra apenas 5,2 milhões em 2009. Mas o importante avanço é inferior à meta da ONU, que espera 15 milhões atendidas em 2015.

Esforço
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu recentemente mais esforços para tratar em particular os homens que têm relações sexuais com homens, as pessoas transgênero, detentos, profissionais do sexo e usuários de drogas. "Para garantir que ninguém ficará para trás nós temos que diminuir a brecha entre as pessoas que podem ser atendidas e as que não, entre as que estão protegidas e as que são castigadas", disse o diretor da Unaids.

O dinheiro destinado ao combate contra a Aids subiu de 3,8 bilhões de dólares em 2002 a US$ 19,1 bilhões em 2013, mas está longe do objetivo da ONU de arrecadar entre 22 e 24 bilhões de dólares em 2015. Ainda segundo o relatório, atingir a meta de encerrar a epidemia de aids até 2030 significaria evitar 18 milhões de novas infecções por HIV e 11,2 milhões de mortes relacionadas à doença entre 2013 e 2030.

Atualmente, 15 países contabilizam mais de 75% dos 2,1 milhões de casos de novas infecções registrados em 2013. Na África Subsaariana, apenas três países – Nigéria, África do Sul e Uganda – somam 48% dos casos de novas infecções no mundo. O Unaids alerta que países como República Democrática do Congo, Indonésia e Sudão do Sul estão “abandonados” em relação ao combate ao HIV, com baixas taxas de cobertura antirretroviral e quedas mínimas ou nulas nos índices de infecção.

Dados do órgão mostram também que o risco de infecção é 28 vezes maior entre usuários de drogas; 12 vezes maior entre profissionais do sexo; e até 49 vezes maior entre mulheres transgênero (homens que se identificam como mulheres). Na África Subsaariana, meninas adolescentes e jovens mulheres representam um de cada quatro novos casos de infecção. “Não haverá o fim da aids sem que as pessoas sejam colocadas em primeiro lugar, sem assegurar que as pessoas que vivem a epidemia sejam parte de uma nova estratégia”, disse o diretor-executivo do Unaids. “Sem uma abordagem centrada nas pessoas, não conseguiremos avançar na era pós-2015”, concluiu o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé.

Com agências