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Em duas das pesquisas, os cientistas indicaram que o comprometimento da habilidade de identificar odores está associado significativamente com a perda de função das células cerebrais e com a progressão do Alzheimer. Em outro par de estudos, o nível de proteínas beta-amiloides detectadas nos olhos se relacionou com a disseminação dessa substância no cérebro, permitindo aos pesquisadores identificar as pessoas com doença apenas com base nesse marcador. Acredita-se que uma das causas do Alzheimer seja o acúmulo, entre neurônios, de placas de gordura formadas pela proteína beta-amiloide. Elas formam blocos gordurosos que destroem as células muito antes de sintomas como esquecimento e confusão mental surgirem.
“Em face à epidemia mundial crescente de Alzheimer, há uma necessidade cada vez maior por testes de diagnóstico simples e pouco invasivos que identifiquem o risco da doença muito antes da degeneração”, disse Heather Snyder, diretora médico-científica da Associação Internacional de Alzheimer. “Isso é especialmente verdadeiro à medida que pesquisadores investigam tratamentos e formas de prevenção para o começo do curso do Alzheimer”, acrescentou. Ela lembrou que mais pesquisas são necessárias em busca de biomarcadores da doença porque a detecção precoce será essencial quando os primeiros tratamentos estiverem disponíveis.
Biomarcador
Um desses marcadores é o olfato. A equipe do pesquisador Matthew Growdon, da Faculdade de Medicina de Harvard, investigou a associação entre esse sentido, a performance em testes de memória, a perda de células cerebrais e o depósito de placas amiloides em 215 idosos clinicamente saudáveis que participam de um estudo sobre o envelhecimento do cérebro no Hospital Geral de Massachusetts. Depois de fazer uma bateria de testes cognitivos, de avaliar a estrutura do hipocampo (importante região cerebral associada à memória) e de medir a quantidade da proteína no cérebro, Growdon constatou que, quanto menor o hipocampo e o córtex entorrinal, pior é a função olfativa, maior é o depósito beta-amiloide e mais pífio é o desempenho em testes de memória e cognição.
Já um estudo conduzido por Shaun Frost, da Organização da Comunidade de Pesquisa Científica e Industrial da Austrália, encontrou nos olhos um marcador para o Alzheimer. Os participantes tomaram um contraste que se liga às placas beta-amiloide, deixando-as fluorescentes, o que permite sua visualização em um novo exame, chamado imagem amiloide retinal (RAI). Os voluntários passaram por um PET-Scan, que detectou a presença das placas de gordura também no cérebro. O teste preliminar, com 40 pessoas, indicou que o acúmulo dessas proteínas no olho está associado à quantidade anormal da beta-amiloide nas estruturas cerebrais. O estudo completo, incluindo 200 pessoas, deverá ser apresentado até o fim do ano.