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Franco Noce, professor-adjunto do Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), garante que existem várias teorias motivacionais que explicam esse tipo de comportamento. “Primeiro, que as atividades físicas moderada e de alta intensidade liberam uma série de endorfinas no corpo que promovem sensação de prazer.” Essas substâncias são capazes de aumentar o bem-estar, o relaxamento do corpo e a satisfação com a vida. “Também tem o fato de que muitas pessoas são motivadas pelo desafio. Querer testar os limites é algo intrínseco e elas passam a ser motivadas por isso”, acrescenta Noce.
Quando sentem os benefícios que esses desafios proporcionam, o nutricionista esportivo Guilherme Oliveira explica que essas pessoas se dispõem a fazer o que Thiago e todos os outros atletas e amadores fazem e que poucos compreendem. “Eles se propõem a dormir mais, a não fumar nem consumir bebida alcoólica. Acordam cedo, fazem academia de segunda a sexta-feira e começam a estabelecer competições com elas mesmas. O prazer maior passa a ser isso”, observa. E é exatamente o que o advogado de 32 anos confirma. “Os impactos dessas mudanças me motivam diariamente a continuar e buscar novos desafios.”
ADIÇÃO
A fixação e a determinação dentro do esporte podem levar a um fenômeno conhecido como addiction. “São sintomas de dependência que se assemelham ao de substâncias psicoativas”, afirma Franco Noce, professor-adjunto da UFMG. Marconi Gomes, presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte (Smexe), garante que, entre esses atletas, deixar a atividade de lado pode desencadear quadros de depressão e até distúrbios de comportamento. A ultramaratonista Carla Goulart reconhece que nos dias em que não treina o corpo sente. “Tenho insônia”, conta.

Pode parecer algo prejudicial – e em alguns casos, diante dos exageros, realmente é – mas, entre as dependências possíveis, certamente está entre as menos degradantes. “Nem sempre essas pessoas precisam de algum acompanhamento psicológico porque estão bem e felizes dentro de sua atividade. Só se houver um cenário muito claro de prejuízo é que seria necessário”, pondera Noce. A família pode exercer papel fundamental na detecção precoce do abuso.
Corrida pela solidariedade
O ultramaratonista Carlos Dias está correndo nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo para ajudar no combate ao câncer infantil. O desafio começou no dia 14 de junho e termina amanhã, em Vitória. Ele foi o único sul-americano a percorrer os quatro “desertos” mais extremos do planeta (Gobi-China, Sahara-Egito, Antártida-Polo Sul e Atacama-Chile). Durante seu trajeto, o atleta pretende sensibilizar a sociedade em relação ao combate ao câncer de crianças e adolescentes.