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O artigo foi publicado na edição de ontem da revista The Lancet e explica que, embora a vacinação proteja contra a poliomielite, um indivíduo ainda pode ser infectado pelo vírus, que se replica no intestino, abrindo a possibilidade de ser passado para outras pessoas pelo contato com fezes infectadas.
A maior parte das campanhas de vacinação — incluindo a brasileira — usa doses múltiplas da vacina oral, o que fornece imunidade nos intestinos, mas, ao longo do tempo, essa proteção decai. “Como a forma injetável da vacina é aplicada no braço, em vez de tomada oralmente, assume-se que ela não dá tanta proteção ao intestino. Então, seria menos eficaz na prevenção da transmissão fecal do que a forma oral da vacina”, explicou, em um comunicado, Jacob Jonh, professor do Christian Medical College, que liderou o estudo. “Mas descobrimos que, quando as crianças já tinham algum nível de imunidade devido à vacina oral, a injetável deu um impulso ao sistema imunológico do intestino”, disse.
O estudo envolveu 450 crianças de uma área densamente populosa de Vellore, na Índia. Todas elas tomaram a vacina oral contra a pólio no programa padrão de vacinação do país. Metade também recebeu a injeção no braço. Um mês depois, os cientistas fizeram testes e constataram que esse segundo grupo tinha menor carga dos dois sorotipos mais resistentes circulando no organismo. “Nossa descoberta mostra que uma dose adicional da vacina injetável é mais efetiva para estimular a imunidade contra a infecção que a vacina oral sozinha”, disse Nick Grassly, professor do Imperial College London. “Isso implica que a forma injetável pode ser usada, por exemplo, por pessoas já vacinadas com o tipo oral que forem viajar para locais em que há infecção. A vacina injetável também pode substituir algumas doses da oral em campanhas de imunização”, opina. O estudo não foi financiado por laboratórios — toda a verba para a pesquisa veio da Fundação Bill & Melinda Gates.