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Quézia Bombonatto é categórica ao afirmar não ser favorável às trocas materiais. “Aquilo que é ruim vou transformar numa coisa boa?”, questiona. Para ela, é positivo, por exemplo, convidar a criança para deixar aquele ambiente e falar de outras coisas. “Os pais podem levar os filhos a um parque, uma praça, ou oferecer uma atividade para que a criança não fique remoendo a derrota e possa se divertir. Assim, elas serão ajudadas a perceber que não é uma tragédia e que a vida continua. Dar uma coisa material é ensinar que emoções podem ser compradas”, pontua.
Criança "sem esportiva"
As crianças são muito egocentradas e, segundo Bombonatto, é por que não têm muita vivência e ainda não acumularam experiências. “Para o adulto é mais fácil administrar perdas e tristezas por que já viveu outros momentos de frustração e sobreviveu. Para a criança é mais difícil, cada frustração tem um sentido diferente que dá a ela uma sensação de vazio da qual não sabe como sair. É uma boa oportunidade para os pais ajudarem seus filhos a elaborarem as perdas”, acredita.
Meu pai está chorando, minha mãe está triste
Para as crianças menores, entre 2 e 3 anos, a tristeza dos pais, avós ou cuidadores é o grande desafio a ser elaborado. “Essa criança está vendo o pai e a mãe tristes, às vezes vivencia até brigas e não conseguem entender o que está acontecendo. Nesses casos, é importantíssimo explicar que não tem nada a ver com ela. ‘Estamos tristes porque o jogo deu errado, o nosso time perdeu’ é algo que pode ser dito, sempre mostrando que um jogo tem dois lados. Os adultos não devem ficar se martirizando porque não é justo com as crianças. Perdemos, mas podemos brincar juntos agora”, sugere a terapeuta familiar.
A diretora da ABPp diz ainda que os pais devem deixar o lugar do adulto que está elaborando sua vergonha e frustração e lembrar que têm uma criança e que isso é muito mais importante que um resultado de futebol. “As crianças se assustam, vêem os pais tristes e não entendem que têm relação com a derrota”, observa.
Ajude seu filho a nomear o que sente
“Só sabemos o que sentimos quando nomeamos o sentimento”, alerta Quézia Bombonatto. Por isso, é muito importante que a família conduza a criança a dar um nome para a sensação. “Os pais podem dar algumas pistas, mas não dar a resposta. Você está triste por que viu o papai ou mamãe chorar? Está preocupado? Está triste por que o Brasil perdeu? A família deve ir caminhando com a criança sem colocar para ela o motivo, apenas auxiliando”, assinala.