
O bebê nasceu com cardiomiopatia hipertrófica, doença que provoca crescimento desproporcional no músculo cardíaco dificultando o bombeamento do sangue. No caso dela, só o transplante resolve. De acordo com a mãe, a dona de casa Lidiane dos Santos, a família não quer arrecadar dinheiro, nem furar a fila do transplante. "Tudo o que queremos expondo o nosso drama é conscientizar as pessoas sobre a importância de serem doadores de órgãos", disse.
A doença foi diagnosticada no quinto mês de gestação. O bebê nasceu em maio, prematuro de sete meses, e permaneceu internado por quase duas semanas no Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo. A criança estava saudável e, como alguns casos dispensam a necessidade de tratamento contínuo, Heloísa recebeu alta. Um mês depois, a criança passou mal, vomitou e tinha dificuldade para respirar. Os médicos verificaram que o caso tinha se complicado e determinaram nova internação.
De acordo com a cardiologista Ieda Jatene, responsável pelo setor de cardiopediatria do Hcor, a criança apresentou a doença nos dois lados do coração. Nesse caso, a única solução é o transplante.
Lidiane e o marido, o comerciante Erik dos Santos, deixaram Pilar do Sul e passaram a morar numa pousada próxima do hospital. A primeira filha do casal, Maria Clara, de 5 anos, os acompanha. Heloísa se alimenta por meio de sonda e permanece sedada para melhor controle dos batimentos cardíacos. Caso surja um doador, ela precisa estar saudável para receber o novo coração. O órgão precisa ser de uma criança de até um ano com peso em torno de 12 quilos e que tenha sangue tipo A positivo.
De acordo com o Núcleo de Cistinose e Doenças Raras de Sorocaba, a cardiomiopatia hipertrófica atinge uma em cada 500 pessoas e, embora grave, não é considerada doença rara - quando há um caso para 1.538 pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O caso de Heloísa, segundo o Núcleo, torna-se raro por exigir transplante numa faixa etária específica.
A história de Sofia
A família de Sofia Gonçalves de Lacerda, de Votorantim, região de Sorocaba, que nasceu com Síndrome de Berdon, também recorreu a uma campanha na internet para conseguir o tratamento para a criança no exterior. A doença rara impede o funcionamento do intestino e ela precisa de um transplante multivisceral para sobreviver. Com a repercussão, além de arrecadar mais de R$ 2 milhões com a campanha, a família conseguiu na Justiça a transferência do bebê para um hospital de Miami. A menina também está à espera de um ou mais doadores.