

“Esse grupo de músculos composto tanto pelos superficiais, conhecidos popularmente como períneo, como pelos profundos, é responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos como bexiga e útero, e também por controlar os orifícios de uretra, vagina e ânus. Atua também na passagem do bebê durante o parto”, detalha a fisioterapeuta Renata Cangussu, que, com a coordenadora da equipe de fisioterapia do Instituto Nascer em Belo Horizonte, Sabrina Baracho, conscientiza as pacientes sobre a importância de cuidados específicos para essa região do corpo.
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A prevenção deve começar o quanto antes, de preferência no início da vida sexual e antes do primeiro filho. “As pessoas deveriam cuidar dessa musculatura a vida toda como de qualquer músculo do corpo. Isso é importante para manter a contenção e o funcionamento adequado dos órgãos pélvicos”, alerta Alessandra. A dona de casa Karen Oliveira Aun, de 32 anos, reconhece que só se deu conta da relevância dessa musculatura meses antes de receber o segundo filho. “Busquei um acompanhamento para o parto humanizado no Instituto Nascer e fui alertada pela Renata e pela Sabrina sobre a necessidade de fazer exercícios específicos para evitar complicações futuras”, afirma.

Com disciplina e dedicação, Karen incorporou o treinamento ao dia e dia e já faz as atividades de forma inconsciente. “Já virou um hábito”, garante. Segundo Renata Cangussu, a mulher não terá que dedicar mais do que 10 minutos do seu dia aos exercícios, que variam de acordo com a necessidade de cada uma, mas que na maioria das vezes envolvem contração e relaxamento desse grupo de músculos. “Via palpação, fazemos uma avaliação de força, resistência, coordenação, controle e tônus dessa musculatura. Nem sempre o objeto inicial será o ganho de força. Algumas pessoas apresentam músculos tensos e necessitam primeiramente reduzir a tensão muscular. A partir daí, são feitas as recomendações de acordo com cada caso”, explica a fisioterapeuta.
Recorrer à cirurgia só é uma alternativa indicada nos casos de quedas relevantes de órgãos como a bexiga e útero. “Depois que já foram esgotados os demais tratamentos e ainda mantém-se um quadro sintomático, é indicada a cirurgia”, explica Alessandra. O ginecologista pode ser o primeiro profissional procurado, mas poderá fazer apenas uma avaliação anatômica da região. “Diante de uma suspeita de problemas musculares, direcionamos para o fisioterapeuta”, acrescenta Alessandra.
O tratamento pode incluir, até mesmo, sessões de Reeducação Postural Global (RPG). “Essa disfunção do assoalho pélvico pode vir como causa ou consequência de algum desequilíbrio em outra parte do corpo”, observa a fisioterapeuta do ITC Vertebral, Rochelle Martins. A especialista explica que uma disfunção na região da bacia ou coluna, por exemplo, pode obrigar a musculatura do assoalho pélvico a trabalhar mais e gerar uma sobrecarga e fadiga. “O que pode fazer com que ele perca a funcionalidade. Por isso, o fisioterapeuta uroginecológico faz o trabalho na musculatura específica, mas, se não for rearmonizado, pode acabar voltando, porque a causa vem de outra área”, pondera Rochelle.

“Os músculos do assoalho pélvico têm papel importante na vida sexual tanto de homens como de mulheres. No caso delas, uma musculatura forte garante uma vagina mais inchada e permite sentir melhor a penetração e, consequentemente, o prazer durante o ato sexual. No caso dos homens, a contração desse grupo de músculos aumenta a irrigação sanguínea na região peniana, o que é um fator importante para a ereção. Também permite um controle maior sobre a ejaculação.”