Saúde

Diabetes: EUA aprovam insulina inalada

A novidade é a primeira forma de administração do hormônio sintético diferente das tradicionais aplicações e promete compor o arsenal farmacêutico para diabéticos em todo o mundo

Bruna Sensêve

Especialistas alertam que modalidade não substituirá o tratamento disponível - a insulina inalada é indicada para momentos específicos, pois a forma de absorção não supre a necessidade diária de pessoas já dependentes da substância
Em vez das injeções, uma bombinha como aquelas usadas por pacientes asmáticos. Simples, discreta e prática. Essa é a proposta de um novo medicamento aprovado pela agência nacional de vigilância sanitária dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration). A novidade é a primeira forma de administração do hormônio sintético diferente das tradicionais aplicações e promete compor o arsenal farmacêutico para diabéticos em todo o mundo. No entanto, especialistas alertam que não substituirá o tratamento disponível. Isso porque a insulina inalada é indicada para momentos específicos, pois a forma de absorção não supre a necessidade diária de insulina de pessoas já dependentes da substância.


O produto consiste basicamente em um pó de inalação de ação rápida para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes mellito. A segurança e a eficácia do medicamento foram avaliadas em 3.017 participantes, sendo 1.026 com diabetes tipo 1 e 1.991 com o tipo 2 da doença. A comparação foi feita entre a insulina inalada e a de ação rápida — ambas em combinação com a basal (de ação lenta), em um estudo de 24 semanas. O processo foi repetido em comparação com outros tipos de medicamentos antidiabéticos orais. Em todos os casos, os resultados da terapia inalada foram satisfatórios. Ainda assim, a FDA alerta que a insulina inalada não é um substituto da de ação prolongada e deve ser utilizada com a de ação prolongada em pacientes com diabetes tipo 1.

Segundo o presidente do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Balduíno Tschiedel, o interessante é a quebra de um paradigma, trazendo uma insulina que não é injetável. “No caso, vai haver uma absorção pulmonar, não pelo sangue. Há alguns anos, houve essa proposta, mas a aceitação do público e do meio médico foi muito baixa, e o laboratório a retirou do mercado. Também era cara e muito grande para a administração em público, incomodava os pacientes.”

Tschiedel lembra que é uma insulina de ação rápida para uso nas refeições e nem todos os pacientes com diabetes tipo 2 precisam desse tipo de tratamento. Normalmente, quando necessário o uso do hormônio sintético, isso é feito somente uma vez ao dia. A insulina é produzida pelo fígado diretamente para o pâncreas e, em seguida, vai para a circulação sanguínea. Já a insulina injetada faz o fluxo inverso: cai no sangue e vai até o fígado.

O hormônio inalado, por sua vez, passaria pelo pulmão. “Esse é um tecido não acostumado a receber insulina, mas os estudos de segurança mostram que não há problema. Então, deverá somente se somar aos medicamentos existentes como uma opção.” A aprovação no Brasil deste tipo de terapia ainda não tem previsão.