Flávio explica que o sistema com o cardiofrequencímetro foi desenvolvido para o controle da frequência em grupo, que é transmitida para quatro monitores dentro da sala, onde todos acompanham qual é sua zona cardíaca. As zonas são divididas por cores (azul, verde, laranja e vermelha). “O ideal é permanecer a maior parte do tempo na laranja, na chamada zona-alvo.” Ele enfatiza que tanto o exercício quanto o monitoramento são invididualizados. “Cada aluno tem sua referência-alvo, de acordo com peso, altura e idade. Um software calcula esses fatores e projeta no monitor o nome das 40 pessoas com a cor de fundo de cada um e o percentual das calorias perdidas durante a aula, além do batimento cardíaco do momento.”
Ele reforça que a orientação de ficar na zona laranja é porque “quanto maior o tempo na zona- alvo, mais o metabolismo acelera e a queima continua nas próximas 36 horas”. Dessa forma, o aluno consegue intensificar ou diminuir o ritmo do exercício, “criando inteligência de treino”. Vale destacar que a aula de extreme fit é feita em grupo com resultados individuais. Flávio lembra que, no fim de cada aula, o aluno tem um resumo do total do treino escalonado. Com os dados do software, professor e aluno podem analisar o treinamento, dar um parecer geral “e o aluno também recebe, por e-mail, seu resultado”.
O casal Luiz Felipe Marchetti, médico intensivista (CTI), e Graziela Brandão, gestora, malha junto e faz parte da primeira turma do extreme fit. Ambos são só elogios diante dos resultados. “Perdi gordura, ganhei massa e melhorei o condicionamento físico. Antes, fazia natação e corria na esteira. Com o extreme fit passei até a gostar do funcional. A aula é ótima porque sei até onde posso ir e não ultrapasso meu limite. Consigo aproveitar dentro do meu ritmo”, enfatiza Luiz Felipe, reforçando que “o ganho foi tanto na recuperação quanto no condicionamento. A tolerância para cada atividade aumentou. Prova disso é que, além da aula, faço corrida e musculação”.
Já Graziela diz que o desafio é ficar o maior tempo possível na zona laranja, o que fica mais fácil com a melhora do condicionamento. “Fazia musculação, corrida e abdominal, mas com o extreme fit emagreci, ganhei definição e massa magra. A aula em grupo é motivante e um entra no pique do outro, estimula. Se você está desanimada, olha para o lado e passa a correr atrás.” Para ela, ainda melhor é ter no fim da aula o rendimento em mãos. “Comparar o desempenho é estimulante, mas cada um dentro de seu limite.”
OLHAR
Luciano Sales Prado, professor do Departamento de Educação Física da UFMG e doutor em fisiologia do exercício, explica que, com o uso do cardiofrequencímetro, é possível, por exemplo, “mesmo com frequência cardíaca baixa fazer um exercício por mais tempo e ter gasto calórico maior. Ou então, exigir frequência maior, com exercícios mais curtos, não objetivando gasto calórico, mas visando adaptações cardíacas, como melhora aeróbica e metabólica (regulação da glicose). A prescrição da atividade varia de acordo com o objetivo. É possível jogar com a intensidade e com a duração”.
No entanto, Luciano avisa que não é simplesmente usar o aparelho. “Estar com o aparelho não significa nada. É fundamental ter um profissional de educação física para fazer a leitura das informações e qualificações e interpretá-las adequadamente naquele exato momento. É preciso orientação especializada, porque a frequência cardíaca varia de intensidade de acordo não só com o exercício, mas com a temperatura do ambiente. Além disso, por mais preciso e sensível que seja o aparelho, nada substitui a percepção do indivíduo pelo olhar de um professor. O aparelho é um adicional.”
A passos largos
“O cardiofrequencímetro é um dos parâmetros para controlar a intensidade da frequência cardíaca durante o exercício. Com o advento dos monitores, o equipamento se popularizou. Mas há outros parâmetros. Tem o relógio GPS, muito usado por corredores, que marca tanto a frequência cardíaca quanto a velocidade da corrida. Um terceiro, muito importante e que não depende da tecnologia, é a percepção subjetiva de esforço (PSE). É que a frequência cardíaca respeita regras generalistas, que nem sempre se aplicam a todos. Às vezes, a frequência cardíaca não sobe para a zona alvo, por exemplo, mas o aluno tem a sensação de cansaço, de esforço elevado.
O contrário também pode ocorrer. Ele ultrapassa a zona de intensidade ideal, mas não sente. Por isso, é fundamental o acompanhamento de um especialista em atividade física. Tem ainda o uso da chamada tabela Borg (escala criada pelo fisiologista sueco Gunnar Borg para a classificação da percepção subjetiva do esforço), com graduação de 6 a 20 ou de 0 a 10 (a mais comum), em que o aluno mostra como percebe seu esforço e contribuiu para a avaliação do profissional. Todas as referências ajudam.”