A equipe analisou sete ensaios clínicos e 32 estudos publicados de 1900 a 2013 em que os participantes eram vegetarianos e tiveram a pressão arterial aferida. Os ensaios mostraram que seguir o tipo de dieta adotada pelos voluntários está associada a uma redução na média sistólica (pressão arterial alta) e diastólica (pressão arterial mínima) se comparada aos hábitos de alimentação onívoras, em que se pode ingerir produtos de origem vegetal e animal. Nos 32 estudos analisados, a alimentação sem proteína animal foi associada a uma menor média sistólica e diastólica.
Para Yokoyama, são precisos mais estudos para que a dieta se torne uma recomendação, mas os resultados não chegam a surpreender o nutricionista do Instituto Nacional de Cardiologia Marcelo Barros. Para ele, os dados podem ser justificados por uma maior ingestão de alimentos com alto nível de potássio e magnésio — substâncias antagonistas ao sódio e que promovem a melhor circulação sanguínea.
“O nosso organismo funciona a partir de uma bomba chamada sódio-potássio. Para termos impulsos nervosos, para o coração bater, precisamos ter entrada e saída de sal e de potássio do interior das células. Isso forma os impulsos nervosos. Toda vez que tem um aumento de sódio e uma baixa de potássio, você tem tendência a uma retenção de líquido e isso aumenta a pressão arterial”, explica.
Barros também destaca que a dieta vegetariana é mais rica em substâncias antioxidantes, essenciais para a dilatação dos vasos sanguíneos. Dessa forma, eles se expandem e, com isso, a pressão arterial é diminuída. No entanto, o nutricionista reforça que a proteína, seja ela de qualquer origem, é essencial para o funcionamento do corpo humano. “Vamos pensar em formação do cabelo, na renovação da pele. A proteína é fundamental na renovação do tecido. Se for uma alimentação restrita, precisa-se buscar alternativas vegetais, como as oleaginosas e feijões. Dessa forma, pode-se contrabalancear o baixo consumo de proteína animal”, sugere.