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O detalhe é que ela chegou a ser retirada no dia seguinte à postagem. A blogueira recebeu um aviso de que sua conta poderia ser deletada. Mas a imagem retornou rapidamente, sem a necessidade da intervenção de Paala, e com um pedido de desculpas. "Esperamos que esta nova política ajude a reduzir o estigma relacionado às imagens de amamentação", disse a blogueira em entrevista ao The Independent.
As regras oficiais de publicação do Facebook nunca proibiram explicitamente imagens de amamentação, mas elas eram retiradas pelos moderadores de conteúdo, após denúncias e rastreamento. Em seus novos padrões de comunidade, a rede social mantém a rigidez em relação a conteúdo pornográfico, mas faz uma exceção clara: 'conteúdo de importância pessoal, a exemplo de uma escultura, como o Davi de Michelangelo, ou ainda fotos familiares em que aparece a amamentação de uma criança'.
Os administradores reforçaram ainda que a denúncia não garante que o material será removido.”É possível que algo possa ser desagradável ou perturbador sem atender ao critério de remoção ou bloqueio. (...)A possibilidade de o usuário controlar o que é exibido na sua própria timeline também é uma forma eficiente de proteção”, lembrou o comunicado. A rede social já recebeu inúmeras críticas em relação aos critérios utilizados para bloqueio, como no caso de um vídeo em que uma mulher era morta e decapitada, supostamente no México, divulgado em 2013. Em princípio, o Facebook recusou-se a retirar as imagens, porque "embora o vídeo seja chocante, nossa postura está fundamentada na preservação dos direitos das pessoas de descrever, representar e comentar sobre o mundo em que vivem". O descontentamento foi tanto que até o primeiro ministro britânico David Cameron se pronunciou; e o conteúdo foi bloqueado.
A campanha #FreeTheNipple não se restringe à amamentação e inclui reivindicações como o direito de a mulher fazer topless e exibir os seios em contextos como o da Marcha das Vadias. As novas definições não citam esses exemplos e mantêm as expectativas de ativistas dos direitos da mulher e de profissionais que realizam a cobertura dos eventos. Dezenas de veículos de comunicação, a exemplo do próprio Portal Uai, tiveram imagens removidas e as páginas nas redes sociais temporariamente suspensas após a divulgação de registros fotojornalísticos da manifestação, cuja última edição foi realizada no Brasil no dia 24 de maio.
A censura à exposição da mama durante a amamentação é uma realidade que une vários países ocidentais. Mães inglesas, brasileiras e norte-americanas têm histórias semelhantes. A própria Paala Secor recebeu, na foto em que desafia o Facebook, comentários contrários à sua postura. Algumas frases que aparecem nos comentários: “você tem que entender que nem todos são obrigados a ver isso” e “essa é uma maneira ridícula de provar um ponto. A amamentação é um momento de intimidade e não deve ser compartilhada com o mundo”.
Esse argumento da intimidade aparece também na forma de propostas de 'locais reservados para amamentação'. Uma campanha iniciada por estudantes da Universidade do Texas (EUA) critica a 'necessidade' de a mulher se esconder para amamentar. 'Mesa para dois', 'Jantar particular' e 'Bom apetite' são as legendas que aparecem nas fotos de mães alimentando os filhos em cabines de banheiros públicos (veja abaixo).
Apesar de existirem leis em 45 estados norte-americanos para garantir o direito de amamentar em público, ainda não há meios para que a mulher processe a instituição ou pessoa que assediar ou constranger.
Karlesha Thurman, estudante e mãe de 25 anos, sabe bem o que é isso. Ela postou uma foto em que amamenta a filha durante a cerimônia de formatura na California State University, foi xingada e hostilizada. Os comentários saíram das redes sociais e foram feitos por âncoras de TV e celebridades. “Não, eu não quero ver isso, nem na Starbucks (cafeteria) ou em qualquer outro local público”, disse a comediante Wendy Williams, que já posou nua para apoiar a causa da organização de defesa dos animais PETA. As declarações motivaram uma série de 'mamaços' em várias cidades americanas, para apoiar Karlesha e exigir retratação. Clique aqui para saber mais e entender como está a discussão no Brasil.