O psicólogo clínico e especialista em transtornos mentais de São Paulo Paulo Mestriner, do ponto de vista da linha cognitiva comportamental, ressalta a questão da exposição nesse período de distanciamento entre pais e filhos. "O acampamento faz crianças e pais vivenciarem outro tipo de relação. O fundamental é que essa exposição a coisas e ambientes diferentes ocorra de maneira gradual para que a criança fique segura. É importante primeiramente levar o filho a um passeio e não soltá-lo de uma vez. Muitos pais são radicais e não é assim."
Paulo lembra que o pais precisam saber lidar com a importância de deixar o filho encarar ambientes diferentes. "Sei que faz parte da insegurança, que as pessoas gostam de estar na sua zona de conforto, em ambientes repetitivos. Para a psicologia, quanto mais exposição ao diferente, mais preparada a pessoa vai estar para o mundo. Hoje, as relações de pais e filhos são minguadas, raras, pela falta de tempo, o que, de alguma maneira, obriga os filhos a vivenciarem outros espaços."
O psicólogo explica que o fato de os pais desejarem estar sempre perto dos filhos explica o "comportamento instintivo, de preservação. Mas a vivência dentro de certas bolhas não é indicada. Por isso, ao se afastar um poucos dos filhos, os pais aprendem a lidar com a situação. O movimento deles é de proteção, mas é saudável deixar o filho aprender com o acampamento sem estar no controle, vigilante".
Paulo acrescenta que é inevitável os pais agirem com a "crença racional", ou seja, a ideia de que estar perto é sinônimo de domínio. "Isso não é um pensamento racional, eles não têm controle de tudo. O acampamento endossa essa ideia. É preciso criar o filho para lidar com o mundo. A postura superprotetora é pura insegurança que será replicada nos filhos, que vão reproduzi-la." Paulo diz que faz parte do aconselhamento para pais lembrá-los de que "as crianças vão criar habilidades para o mundo vivendo em ambientes que não são só sua casa".
Luiz Carlos dos Santos, coordenador de programação de atividades recreativas do acampamento Paiol Grande, em São Paulo, diz que a proposta de vivenciar a experiência de um acampamento é inesquecível. Um aprendizado para a vida. Ele garante que, além da diversão, crianças e adolescentes vão aprender o valor da amizade e do respeito, sentimentos que levarão para a vida inteira. Ele explica que todas as atividades são pensadas de forma a trabalhar também a responsabilidade e a convivência com o mundo externo, já que as crianças vão ficar alguns dias longe dos pais.
LÚDICO
"Nosso lema, "educar brincando", desenvolve atividades lúdicas e recreativas de acordo com cada idade. Mas há momentos em que estimulamos o convívio entre todos para a descoberta do companheirismo e da amizade”, explica Luiz Carlos. Ele conta que os mineirinhos invadem o Paiol, principalmente em julho.
Diversão com educação
O acampamento Paiol Grande, que fica no município de São Bento do Sapucaí (SP), no alto da Serra da Mantiqueira, inserido na área de proteção ambiental, é cenário perfeito para férias incríveis. A nova temporada de férias tem início em 1º de julho e as inscrições podem ser feitas no www.paiolgrande.com.br. Além de atividades esportivas e oficinas recreativas tradicionais do acampamento, os paioleiros vão se divertir com jogos temáticos e praticar diversas modalidades artísticas. Futebol, tênis, vôlei, basquete, futsal, tênis de mesa, xadrez, rúgbi, patinação e arco e flecha, além de canoagem e escalada. Os visitantes de 6 a 17 anos poderão participar de todas as atividades e aproveitar as férias de maneira diferente.