Matheus partiu de um dado curioso: 14% dos homens do mundo com condições financeiras consideradas suficientes para ter um celular apresentam dificuldade para conceber uma criança. Esses números a estimularam a rever sistematicamente o resultado de 10 estudos sobre o assunto, incluindo 1.492 amostras de material genético. “O objetivo foi esclarecer o papel potencial da exposição ambiental”, esclarece a médica.
Os participantes desses estudos haviam sido atendidos em clínicas de fertilidade e em centros de pesquisa e qualidade do esperma, onde tiveram a qualidade do material genético mensurada de três maneiras: motilidade (a capacidade do esperma de se mover corretamente no sentido de um ovo), viabilidade (a proporção de espermatozoides vivos) e concentração (o número de espermatozoides por unidade de sêmen).
Nesse grupo, de 50% a 85% dos gametas masculinos analisados mostravam o movimento normalizado. A partir da exposição aos telefones móveis, a proporção caiu: de 50% a 58% dos espermatozoides permaneceram saudáveis. Houve comprometimento também na quantidade de células reprodutivas vivas. “Em relação à viabilidade, observamos que diminuiu, assim como a motilidade”, explica Mathews. Os efeitos sobre a concentração de espermatozoides por unidade de sêmen foram inconclusivos.
“Esse estudo sugere fortemente que a exposição à radiação eletromagnética de radiofrequência, consequência de levar os celulares nos bolsos, afeta diretamente a qualidade do esperma”, garante a pesquisadora. Segundo ela, os resultados podem ser particularmente importantes para os homens que estejam próximo de se tornarem inférteis.
“A exposição à radiação eletromagnética de radiofrequência, consequência de levar os celulares nos bolsos, afeta diretamente a qualidade do esperma”
Fiona Matheus, pesquisadora em biociência
Fiona Matheus, pesquisadora em biociência