

Ao falar do assunto foi impossível para Yuri não se lembrar de Renata Lara de Oliveira, que morreu aos 13 anos, devido a complicações de uma miocardiopatia dilatada. Yuri foi visitar a jovem que passou 44 dias no Hospital das Clínicas da UFMG à espera de um doador. Mesmo com a campanha de famíliares, o coração não chegou a tempo: a menina faleceu no dia 5.
Com recursos próprios, a família de Yuri confeccionou material de apoio com informações para desmistificar medos sobre a doação. De forma didática, os voluntários falavam do passo a passo do processo, como se tornar um doador, quando é determinada a morte encefálica, quais órgãos podem ser doados e para onde vão. “Se a pessoa quer se tornar doadora, é importante avisar a família. Muita gente pensa em deixar registrado em cartório, mas o mais importante é manifestar o desejo aos familiares”, afirmou a mãe de Yuri, Márcia Helena de Sousa. Ela lembra que, quando o filho estava em estado grave no hospital, o primeiro coração que apareceu, embora compatível, não pôde ser transplantado, porque a família não autorizou.
Os primeiros sintomas da miocardite se manifestaram quando Yuri estava em um intercâmbio nos Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil para tratar da saúde, ele descobriu que para se manter vivo precisaria de um novo órgão. Foram 120 dias aguardando o gesto que iria lhe garantir a vida. “Torcíamos para que ele recebesse um coração, mas, ao mesmo tempo, pensávamos na tristeza da família de quem iria doar. É algo muito difícil, mas graças a Deus ele conseguiu”, disse o pai do jovem, Francisco Aurélio, de 55.

TRANSPLANTES
saiba mais
-
Com a perda de Renata, o recado que fica: doar é salvar vidas
-
Renata, de 13 anos, espera por um coração no Hospital das Clínicas. Caso reforça importância da doação
-
Adolescente transplantado visita Renata, que aguarda um novo coração em Belo Horizonte
-
Menino de 10 anos e 2m de altura pede ajuda para enfrentar o gigantismo
-
Exame simples indica risco de rejeição em transplantes de coração e pode substituir a temível biópsia
A morte cerebral só é atestada quando o paciente está em coma profundo, sem nenhuma possibilidade de reversão e não apresenta qualquer reflexo do sistema nervoso central. Para tanto, são realizados dois testes de apneia, com intervalo de seis horas entre eles e sem que haja qualquer tipo de sedação. O paciente em morte encefálica passa ainda por outros métodos de diagnóstico, como o eletroencefalograma, arteriografia cerebral ou doppler cerebral.