Salvador e Brasília — Aos 34 anos, Eudileia Carmosa Maria da Cunha Silva pensou que nunca mais escutaria com nitidez. Desde criança, a dona de casa se via às voltas com problemas auditivos e, há cerca de 10 anos, uma otite severa atingiu os dois ouvidos. No esquerdo, um tumor benigno consumia os tecidos do órgão e ela não acreditava mais na eficácia do aparelho convencional. Os transtornos eram diversos, desde o sono intranquilo por medo de que a filha, hoje com 5 anos, engasgasse e passasse mal, a problemas de convivência e enfrentamento do preconceito. Uma nova técnica de implante auditivo lhe deu a possibilidade de escutar melhor e planeja retomar os estudos.
A tecnologia, desenvolvida na Suíça, é indicada para quem apresenta malformação do ouvido externo ou doença do ouvido médio e perda auditiva de até 40dB. O dispositivo chegou ao Brasil no fim do ano passado e chama a atenção pelo baixos riscos de infecção que oferece, já que os pacientes são submetidos a uma cirurgia menos invasiva para a colocação do Bonebrigde. Diferentemente da primeira geração de implantes auditivos, que também demanda maior acompanhamento clínico, o novo dispositivo é colocado logo abaixo da pele (veja imagem ao lado) e a condução sonora se faz por meio da ressonância no estribo. Por isso, a cicatrização é mais rápida e o aparelho não imprime tanta pressão ao ouvido do paciente, reduzindo drasticamente a sensação de incômodo.
Outro ponto que facilita a adaptação ao implante é o fato de ele ser flexível. Constituído de silicone e titânio, o equipamento acompanha o desenvolvimento do sistema auditivo dos pacientes. Assim, ele pode ser colocado em crianças e não precisa ser substituído posteriormente. Essa aplicação, no entanto, não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na Europa, pode-se implantá-lo em pessoas com no mínimo 4 anos.
Sem reabilitação
No caso de Eudileia, o dispositivo foi implantado no ouvido direito, menos comprometido com a otite. “O aparelho convencional não resolvia mais. Eu não escutava em detalhes os sons e achava que era normal, mas não era”, conta. Para ela, a falta de nitidez sonora gerou desgaste no ambiente de trabalho. “Eu era caixa de supermercado e, muitas vezes, tive problema com o cliente porque ele falava algo e eu não entendia.” Outro empecilho era o incômodo causado pelo aparelho tradicional. “Havia também o risco de inflamação ainda pior”, detalha.
A situação de Eudileia é bem comum a países em desenvolvimento, de acordo com o diretor-geral do Instituto Brasileiro de Reabilitação Auditiva (Inbraud), Henrique Gobbo. “O Brasil tem muitos casos de infecção de ouvido que acabam evoluindo para otites severas. Ainda é um problema de saúde pública em razão da falta de acompanhamento e de conscientização dos cuidados que se deve ter com o sistema auditivo”, explica.
Peter Graso, engenheiro da Med-El e desenvolvedor do Bonebrigde, chama a atenção para o fato de o dispositivo não necessitar de um processo de reabilitação após ser implantando. “Assim que o paciente o recebe, ele volta a escutar. Isso ocorre porque essas pessoas têm um ouvido interno que é bastante eficaz. Então, a cóclea funciona. Quando se dá uma amplificação ao ouvido interno, o paciente tem uma capacidade de elaborar o som muito bem”, explica.
Em 18 dias, a ferida causada pela implantação do Bonebrigde em Eudileia estava cicatrizada e, em menos de um mês, ela pôde regular o aparelho. A sensação de retomar a audição foi estarrecedora. “Eu parecia uma boba, não sabia se sorria ou se chorava. Agora, até consigo ouvir a conversa abafada quando a porta da sala está fechada. Além disso, consigo ouvir o avião passando”, relata.
A tecnologia, desenvolvida na Suíça, é indicada para quem apresenta malformação do ouvido externo ou doença do ouvido médio e perda auditiva de até 40dB. O dispositivo chegou ao Brasil no fim do ano passado e chama a atenção pelo baixos riscos de infecção que oferece, já que os pacientes são submetidos a uma cirurgia menos invasiva para a colocação do Bonebrigde. Diferentemente da primeira geração de implantes auditivos, que também demanda maior acompanhamento clínico, o novo dispositivo é colocado logo abaixo da pele (veja imagem ao lado) e a condução sonora se faz por meio da ressonância no estribo. Por isso, a cicatrização é mais rápida e o aparelho não imprime tanta pressão ao ouvido do paciente, reduzindo drasticamente a sensação de incômodo.
Outro ponto que facilita a adaptação ao implante é o fato de ele ser flexível. Constituído de silicone e titânio, o equipamento acompanha o desenvolvimento do sistema auditivo dos pacientes. Assim, ele pode ser colocado em crianças e não precisa ser substituído posteriormente. Essa aplicação, no entanto, não é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na Europa, pode-se implantá-lo em pessoas com no mínimo 4 anos.
Sem reabilitação
No caso de Eudileia, o dispositivo foi implantado no ouvido direito, menos comprometido com a otite. “O aparelho convencional não resolvia mais. Eu não escutava em detalhes os sons e achava que era normal, mas não era”, conta. Para ela, a falta de nitidez sonora gerou desgaste no ambiente de trabalho. “Eu era caixa de supermercado e, muitas vezes, tive problema com o cliente porque ele falava algo e eu não entendia.” Outro empecilho era o incômodo causado pelo aparelho tradicional. “Havia também o risco de inflamação ainda pior”, detalha.
saiba mais
-
Ouvido biônico recupera audição refinada
-
Apenas 40% das pessoas com problemas de audição reconhecem que ouvem mal
-
Especialistas apontam celulares e fones como os maiores riscos para a saúde auditiva
-
Invisível na pele, novo implante auditivo já está disponível pela rede pública de saúde
-
Cientistas descobrem motivo da rejeição a implantes no corpo humano
-
Ruído pode gerar perda de audição, zumbido, ansiedade, insônia e até depressão
Peter Graso, engenheiro da Med-El e desenvolvedor do Bonebrigde, chama a atenção para o fato de o dispositivo não necessitar de um processo de reabilitação após ser implantando. “Assim que o paciente o recebe, ele volta a escutar. Isso ocorre porque essas pessoas têm um ouvido interno que é bastante eficaz. Então, a cóclea funciona. Quando se dá uma amplificação ao ouvido interno, o paciente tem uma capacidade de elaborar o som muito bem”, explica.
Em 18 dias, a ferida causada pela implantação do Bonebrigde em Eudileia estava cicatrizada e, em menos de um mês, ela pôde regular o aparelho. A sensação de retomar a audição foi estarrecedora. “Eu parecia uma boba, não sabia se sorria ou se chorava. Agora, até consigo ouvir a conversa abafada quando a porta da sala está fechada. Além disso, consigo ouvir o avião passando”, relata.
A repórter viajou a convite da MED-EL Medical Electronics