Cartilhas sobre prevenção da hepatite C serão distribuídas na Copa

Segundo o idealizador da campanha, jogadores de futebol da década de 70 contraíram hepatite C durante a Copa do Mundo, no México, por usarem um energético na veia, cuja seringa era compartilhada por vários atletas; saiba mais sobre a doença

por Agência Brasil 05/06/2014 09:30

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Fábio Cerati / Divulgação
A atriz Karina Bacchi é a madrinha da causa (foto: Fábio Cerati / Divulgação)
A campanha de conscientização "Hepatite C tem cura. Seja um campeão. Vença esse jogo", da ONG C Tem Que Saber. C Tem Que Curar, será realizada durante a Copa do Mundo nas antevésperas dos quatro jogos da primeira fase da competição, nas 12 cidades-sede. A finalidade é impactar cerca de 3 milhões de turistas brasileiros e 600 mil estrangeiros que vão circular nas 12 capitais com jogos da Copa sobre os riscos que a doença causa na sociedade brasileira e mundial.

Serão distribuídas 3,6 milhões de cartilhas informativas, em português e inglês, nos aeroportos, hotéis, táxis e restaurantes, principalmente. A cartilha também vai orientar quem faz parte de grupos de risco, ou é mais vulnerável a doença, como realizar o teste específico, que é disponibilizado gratuitamente nos centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). O objetivo da campanha, além de prevenir, é também de alertar as pessoas sobre a doença e evitar novas contaminações.

Segundo o presidente da ONG e idealizador da campanha, Chico Martucci, jogadores de futebol da década de 70 contraíram hepatite C durante a Copa do Mundo, no México, por usarem um energético na veia, cuja seringa era compartilhada por vários atletas.

"Há dois anos saiu do mercado uma substância energética chamada glucoenergan, que os jogadores de futebol tomavam na veia, durante as partidas. De forma compartilhada, usavam a mesma seringa, só trocavam as agulhas. Existem muitos jogadores contaminados com hepetite C; jogadores do passado; hoje, isso não existe mais. Existem campeões do mundo, da década de 70, que se contaminaram com a hepatite C. Isso não era culpa de ninguém, porque o vírus não era conhecido, e eles compartilhavam uma substância energética para jogar futebol", disse Martucci.

A hepatite C é causada por um vírus que ataca o fígado de forma lenta, sem sintomas físicos para o portador. O vírus quase sempre destrói o fígado, ocasionando, na maioria das vezes, cirrose e câncer hepático. A evolução do dano é diferente em cada indivíduo, podendo levar até 20 anos para manifestar a doença. A hepatite C é transmitida pelo sangue contaminado, através de transfusões sanguíneas e do compartilhamento de seringas e agulhas de injeção.

O uso de materiais descartáveis na medicina diminuiram os riscos, e agora os maiores fatores de contaminação são o compartilhamento de utensílios para o consumo de drogas injetáveis ou aspiradas, que representam dois terços das novas infeções, e acidentes com instrumentos perfurocortantes, como os utilizados em manicures, barbeiros e dentistas. Não há comprovações por fluidos corporais, como saliva, suor, sêmen e leite materno. Já a contaminação sexual, apesar de rara, é possível em casos de ferimentos nos órgãos genitais.

"A hepatite C tem cerca de 3 milhões de portadores no Brasil e mata em torno de 12 pessoas por dia, porque é uma doença silenciosa; não apresenta sintomas. As campanhas oficiais são muito raras e, não tendo sintomas, a percepção tardia da doença é a grande responsável por 500 mil óbitos ao ano. É uma doença que ataca o fígado de forma lenta e silenciosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença tem 150 milhões de portadores no mundo. Quanto antes for descoberta, maior a chance de cura. É a grande solução para salvar vidas humanas", explicou Martucci.

De acordo com a ONG, em cada grupo de 50 brasileiros um tem hepatite C e 95% deles não sabem, pela ausência de sintomas. Além disso, a disseminação da hepatite C é cinco vezes maior do que o número de contaminados pela aids, doença que atinge cerca de 630 mil brasileiros e 33,5 milhões de pessoas em todo mundo.