

Essas sensações foram nomeadas pelo filósofo Aristóteles, que indicou a hedonia como a busca pelo prazer — envolve, por exemplo, ouvir música ou comer um chocolate; e a eudaimonia como a busca por significados e propósitos — englobando, nesse caso, a disponibilidade para doar uma parte do tempo a outras pessoas. Nos jovens voluntários, percebeu-se que a ativação da hedonia indicou aumento de sintomas depressivos. A da eudaimonia, o efeito contrário. “As pessoas que sentem prazer por meio de atividades eudamônicas têm maior tendência de se engajar em atividades que as fazem se sentir valorizadas, o que aumenta a saúde mental delas”, explica Adriana Ganván, integrante do estudo.
O estudante Daniel Ramos, 20 anos, conseguiu juntar essas respostas com os planos de carreira. O estudante de medicina na Universidade de Brasília (UnB) participa de vários projetos voluntários. Destaca o Saúde Integral em Famílias Carentes no Distrito Federal. Fruto de uma parceria entre a universidade e a Igreja Presbiteriana de Brasília, o projeto faz com que os alunos prestem auxílio a famílias de maneira integral, do reforço escolar ao apoio terapêutico.
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Em casa
Segundo a psicóloga Fernanda Guimarães, o interesse dos jovens em praticar boas ações normalmente surge com os exemplos de casa, que costuma ser o primeiro ambiente em que a pessoa compreende as relações sociais e se conhece. Preocupar-se com os outros foi um ensinamento repassado a Daniel já na infância. “Quando eu era criança, meus pais me falavam para doar roupas que não usava e também comida. Eu tomei gosto por essa ideia e comecei a atuar mais ativamente”, conta.
Tainá Caldas, 15 anos, faz boas ações com a família. “Meu avô ajuda as pessoas, costuma dar cestas básicas. Meu pai doa dinheiro na maioria das vezes. Minha mãe e minhas primas me acompanham bastante ao instituto”, relata, referindo-se ao Instituto Vicky Tavares – Vida Positiva, que atende crianças e adolescentes portadores do HIV e seus familiares.
O contato dos caldas com a organização não governamental se deu há cinco ano, quando Tainá propôs uma comemoração do próprio aniversário incomum. “Pedi para fazer uma boa ação, doar dinheiro a uma ONG”, conta a adolescente. A mãe de Tainá, a publicitária Carla Carvalho, levou a filha ao instituto no dia em que ela completou 10 anos e elas acabaram abraçando a causa. Todas as sextas-feiras, a dupla ajuda no preparo do lanche e doa dinheiro e mantimentos à ONG. “Eu me apeguei às pessoas de lá, às crianças.”, conta Tainá.
Qualquer lugar

“Eu era uma criança mimada, sequer comia pão do dia anterior. Mudei os meus conceitos e me tornei uma pessoa melhor. Procuro não menosprezar ninguém. Todo mundo sofre com alguma coisa na vida, nós nunca sabemos pelo que o outro passou naquele dia”, diz, vestida de palhaço, após uma visita à Abrace, entidade que presta assistência social a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue.
Cabeça escaneada
Os 39 participantes responderam a questionários sobre sintomas depressivos e, depois, participaram de dois jogos. No primeiro, tinham que escolher entre ganhar dinheiro para eles e para a família deles. No outro, recebiam balões virtuais e eram premiados conforme os enchiam, o que demandava a relação entre tomar atitudes e assumir riscos. Por fim, eram submetidos a um escâner para o exame da parte do cérebro associada ao sentimento de prazer. O experimento foi repetido um ano depois.