Crianças não são adultos, obviamente. São seres mais frágeis, com pouca experiência e que cometem mais erros. Necessitam, portanto, de mais tolerância, paciência e cuidado. A Lei da Palmada, rebatizada de Lei Menino Bernardo em homenagem ao garoto Bernardo Boldrini, assassinado no Rio Grande do Sul, foi aprovada no mês passado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, segue hoje para análise do Senado e é recebida com receio pela população brasileira apesar de não prever punição para os pais. O que está previsto é: encaminhamento para programa oficial ou comunitário de proteção à família, encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de orientação e advertência.
Entre os críticos da norma que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e proíbe a aplicação de castigos físicos a crianças e adolescentes estão os que levantam a bandeira dos conceitos de limite, o risco de se criar seres humanos mimados e, principalmente que fere os direitos individuais. No entanto, sabe-se que 85% dos casos de abuso físico violento se iniciam com palmadas. Ou seja, além de não terem o efeito 'educativo' que alguns pais podem alegar, os castigos físicos tendem a crescer em intensidade até alcançar tipos de violência mais graves. Segundo o Ministério da Saúde, as agressões são a quarta causa de morte entre crianças de 0 a 9 anos no Brasil.
O grupo brasileiro ‘Crescer sem violência’, em parceria com as organizações não-governamentais norte-americanas ‘Stop Spanking’ e ‘Stophittingusa.org’, lança no Dia Mundial Contra a Agressão Infantil, celebrado hoje, uma cartilha sobre por que e como educar sem palmadas. O projeto original é de autoria de Al Crowell e foi traduzido para o português pela neurocientista Andréia Mortensen, que junto com Ligia Moreiras Sena, é autora do livro ‘Educar sem Violência – criando filhos sem palmadas’, recém-lançado pela Papirus Editora.
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Para Mortensen, que é uma dos dez integrantes do ‘Crescer sem violência’, a Lei Menino Bernardo traz esperança de conscientização de que bater não é educar. “Apesar da grande rejeição da população brasileira a novas maneiras de educar e do despreparo dos conselhos tutelares, se observarmos o exemplo de outros países que implementaram essa lei, fica óbvio que houve rejeição inicial também, mas que em poucos anos os índices de violência infantil declinaram rapidamente”, afirma. Segundo ela, estima-se que 500 mil crianças são vítimas de violência doméstica de diferentes tipos no Brasil. A fonte é o ‘Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil’ (clique e saiba mais). “Absolutamente todos os espancadores justificam 'estar educando'. Então é evidente que uma mudança nessa cultura do bater para educar pode mudar esses números”, observa a neurocientista.
Com linguagem simples, a cartilha ajuda no entendimento do conceito de disciplina positiva e lembra que o desenvolvimento infantil é dividido em cinco estágios. “Entender as características de cada um pode ajudar os pais a saberem o que esperar, de fato, e a evitar expectativas irreais sobre seus filhos”, diz o texto.
Não perca a oportunidade, clique aqui e conheça a íntegra da cartilha!