Com isso, o ambulatório, que atua junto com o Ministério da Saúde, se torna o primeiro centro brasileiro especializado no atendimento a pacientes com hanseníase, em conformidade com padrões de excelência internacionais.
O ambulatório atende a cerca de 300 pacientes por mês. “Atendemos casos que vêm encaminhados pela rede pública de saúde para diagnóstico de hanseníase. Em média, em 40%, confirma-se o diagnóstico. E nós atendemos casos de pacientes que já estão em tratamento na rede, mais aqueles que o médico encaminha para cá solicitando parecer”, disse a enfermeira-chefe da unidade, Nádia Cristina Duppre.
Ela informou que existem outros centros de tratamento da hanseníase no Brasil, no Amazonas, em Minas Gerais e São Paulo, por exemplo. Mas, o do IOC/Fiocruz é o primeiro a aringir excelência internacional. Segundo a enfermeira isso faz também com que a equipe seja mais criteriosa na coleta, no registro e no cuidado com as informações. “Nós temos alguns indicadores clínicos e administrativos que temos que avaliar periodicamente. Isso faz com que a gente esteja sempre atento às ações.”
O Brasil é líder na América Latina em casos de hanseníase. “No mundo, só perde para a Índia”, destacou a Nádia Cristina Duppre. Em 2013, foram registrados 29,3 mil casos no Brasil. Os estados mais endêmicos no país estão nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O Rio de Janeiro tem endemicidade média, segundo ela.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que afeta os nervos e a pele. A transmissão é feita a partir do contato direto com a pessoa doente que ainda não iniciou o tratamento. Os principais sintomas são dormência, dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés, lesões na pele (caroços e placas pelo corpo) com alteração da sensibilidade e áreas da pele com alteração da sensibilidade mesmo sem lesão aparente e diminuição da força muscular.
A doença tem cura. “Se o paciente iniciar o tratamento, ele reduz a falta de sensibilidade em quase 90% logo no primeiro mês em que tomou os medicamentos”, explica ela. O tratamento, denominado poliquimioterapia, dura de seis a 12 meses. A partir do momento de início do tratamento, a transmissão é interrompida, informou o IOC.
Nadia Duppre acredita que o certificado de acreditação internacional poderá ampliar o número de atendimentos no Ambulatório Souza Araújo. “Cumprimos com as exigências dos padrões internacionais e, então, temos, comprovadamente, condições de dar um cuidado de qualidade para o paciente.”
Segundo o IOC, o caminho para a acreditação do Souza Araújo começou em 2008, a partir da aprovação do Ministério da Saúde, e contou com o apoio do Hospital Samaritano de São Paulo. O processo incluiu a implantação de modelos de gestão assistencial, com base nos padrões do manual de Acreditação Internacional da JCI. O trabalho para a obtenção do certificado foi conduzido pela pesquisadora Euzenir Sarno e acompanhado pela enfermeira Nádia Cristina Duppre.