ONGs criticam atraso no fornecimento de remédio para tuberculose no Rio

Fórum de Organizações Não Governamentais de Combate à Tuberculose no Estado do Rio denuncia que pacientes ficaram até 13 dias sem medicação, o que coloca em risco o tratamento e aumenta as chances de transmissão

por Agência Brasil 22/05/2014 08:56

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A intermitência no fornecimento de remédios para tuberculose na cidade do Rio de Janeiro preocupa organizações da sociedade que atuam na prevenção à doença. Na Rocinha – bairro da zona sul com alto índice de infecção - o Fórum de Organizações Não Governamentais de Combate à Tuberculose no Estado do Rio denuncia que pacientes ficaram até 13 dias sem medicação, o que coloca em risco o tratamento e aumenta as chances de transmissão. A prefeitura nega interrupção no tratamento e assegura que os estoques foram regularizados nesta semana.

A presidenta do Grupo de Apoio aos Pacientes e ex-Pacientes de Tuberculose da Rocinha, Rita Smith, denuncia que o posto de saúde da comunidade, por duas vezes, em um período de 40 dias, ficou desabastecido. Segundo ela, pacientes interromperam o tratamento, por causa da dificuldade para conseguir pegar os remédios, que devem ser tomados diariamente. “As pessoas são pobres, trabalham fora, teve greve dos ônibus, ou seja, por questões sociais muitas não conseguiram pegar e outras ficaram sem medicamento”, disse ela.

A prefeitura confirmou que teve problemas no abastecimento, mas ressalta que nenhum paciente ficou sem remédio. Segundo o subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde, Daniel Soranz, a Secretaria Estadual de Saúde não fez o repasse previsto no prazo, o que obrigou a prefeitura a racionar a medicação para não prejudicar o atendimento. “Recebemos três semanas atrás uma cota menor do que a prevista. Isso nos obrigou a distribuir medicamentos não para 30 dias, mas, sim, por semana”, disse. Na quinta-feira (15), “a cota foi regularizada”, esclareceu.

O racionamento das pílulas, no entanto, favorece o abandono do tratamento, que deve ser seguido à risca até o fim, disse o presidente do Fórum de ONGs da Tuberculose, Roberto Pereira. “As pequenas dificuldades, que para os gestores parecem bobagem, são as que provocam o abandono do tratamento. Para quem tem que ir todo dia ao posto buscar remédio, tomar remédio, ir trabalhar para sobreviver e voltar para o posto no outro dia são grandes dificuldades”, avaliou.

As organizações cobram que os governos informem quais medicamentos foram entregues e quanto tempo vão durar. “Os remédios chegaram, mas como há essa intermitência, não sabemos se podem faltar de novo”, criticou Rita. Na comunidade da Rocinha, segundo dados mais recentes do governo do estado, a incidência da doença é de 300 casos para cada 100 mil habitantes.

O Ministério da Saúde informou que o envio de medicamentos para tuberculose ao estado do Rio de Janeiro foi feito normalmente, em março e abril de 2014. A Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos da Secretaria de Estado de Saúde divulgou nota, na qual ressalta que "houve atraso" no envio dos medicamentos Rifampicina 150mg e Isoniazida 75mg, por parte do ministério. As últimas remessas ocorreram dias 23 de março (cerca de 1,1 milhão de comprimidos) e 2 de maio (cerca de 1,1 milhão de comprimidos), e a partir dessas datas, a secretaria de Saúde informou a todos os municípios que os medicamentos estavam disponíveis para retirada.

A tuberculose é uma doença infecciosa que se não for tratada pode levar à morte. Atualmente, o estado do Rio tem a maior incidência de casos no país, por causa da elevada taxa na capital. No mundo, o Brasil está entre os países com mais casos de tuberculose, ao lado da Índia.