Incansável, o coração trabalha dia e noite, sem parar. Uma breve interrupção no ritmo de seus 70 a 80 batimentos, em média, por minuto, pode ser fatal. Uma acelerada incomum nesse compasso também pode custar uma vida. Responsável por bombear a todo o corpo o sangue oxigenado, ele é a peça essencial que mantém em funcionamento essa engrenagem chamada corpo humano. Se ele não trabalha, tudo para. Daí a preocupação. Hoje, no Brasil, a cada dois minutos, uma pessoa morre porque o coração não deu conta de desempenhar suas tarefas. Os demais órgãos perecem e mais uma vida que, às vezes, podia ser poupada, se perde.
As estatísticas não são promissoras. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a tendência é de que esse número aumente para 1,5 morte ocorrida em apenas um minuto, até 2050. Em outro cálculo, a OMS apresenta a trágica conta de que até 2040 o número de mortos por doenças cardiovasculares do Brasil cresça em torno de 250%, ou seja, praticamente dobre a cada década.
Não só no Brasil as doenças cardíacas serão a principal causa de morte nos próximos 25 anos. Espera-se que aumente também na China (210%), na Índia (170%) e nos Estados Unidos (70%), por exemplo. Atualmente, as doenças do coração correspondem ao total de 30% de todas as mortes no mundo. Mata mais que o temido câncer, por exemplo, que corresponde a 13% das causas de óbitos gerais. Mas a pergunta é: por que o coração ainda mata tanto?
“Com a urbanização, você muda os hábitos de vida, as pessoas passam a comer mais e a fazer menos exercícios. Temos aumento dos casos de obesidade e dislipidemias (aumento das taxas de colesterol e de triglicerídeos)”, aposta o cardiologista Pedro Farsky, coordenador científico das reuniões de cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. “Falta prevenção, que é uma questão de saúde pública: os fatores de risco não estão controlados”, acrescenta o cardiologista Fernando Atik, chefe da Unidade de Transplante do Instituto do Coração do Distrito Federal.
Outra explicação que não pode ser desconsiderada é o fato de que há décadas as doenças infectoparasitárias estão sob controle, com exceção das regiões pobres da África. Isso se traduz em menos mortes por doenças resultantes de falta de infraestrutura, como cólera, tifo, leptospirose, por exemplo, e, portanto, as doenças cardiovasculares ganham destaque entre as causas de morte de adultos. Além disso, com a erradicação de males decorrentes da miséria e com a melhoria de vida, as pessoas estão vivendo mais e, consequentemente, ficam mais vulneráveis ao risco de o coração se desgastar e se tornar mais frágil e doente.
Nessa matemática de viver mais e nem sempre da melhor maneira, quem sente é o coração. Por isso, ele mata tanto. Ao longo da vida, nem todos se preocupam com ele, e, quando dá sinais de complicações, às vezes, é tarde demais. “No Brasil, das mais de 1 milhão de pessoas que morrem por ano, pelo menos 394 mil são por causa do coração. Esse número é resultado de altas taxas de colesterol, pressão alta, aumento dos casos de obesidade. São fatores de risco clássicos, que todos já sabem que representam riscos para doenças cardíacas”, alerta Fernando Alves, cardiologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Leia a reportagem completa:
Por que o coração mata tanto?
Hipertensão pode ser assintomática
Entenda o peso da vida urbana para o coração
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Não só no Brasil as doenças cardíacas serão a principal causa de morte nos próximos 25 anos. Espera-se que aumente também na China (210%), na Índia (170%) e nos Estados Unidos (70%), por exemplo. Atualmente, as doenças do coração correspondem ao total de 30% de todas as mortes no mundo. Mata mais que o temido câncer, por exemplo, que corresponde a 13% das causas de óbitos gerais. Mas a pergunta é: por que o coração ainda mata tanto?
“Com a urbanização, você muda os hábitos de vida, as pessoas passam a comer mais e a fazer menos exercícios. Temos aumento dos casos de obesidade e dislipidemias (aumento das taxas de colesterol e de triglicerídeos)”, aposta o cardiologista Pedro Farsky, coordenador científico das reuniões de cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. “Falta prevenção, que é uma questão de saúde pública: os fatores de risco não estão controlados”, acrescenta o cardiologista Fernando Atik, chefe da Unidade de Transplante do Instituto do Coração do Distrito Federal.
Outra explicação que não pode ser desconsiderada é o fato de que há décadas as doenças infectoparasitárias estão sob controle, com exceção das regiões pobres da África. Isso se traduz em menos mortes por doenças resultantes de falta de infraestrutura, como cólera, tifo, leptospirose, por exemplo, e, portanto, as doenças cardiovasculares ganham destaque entre as causas de morte de adultos. Além disso, com a erradicação de males decorrentes da miséria e com a melhoria de vida, as pessoas estão vivendo mais e, consequentemente, ficam mais vulneráveis ao risco de o coração se desgastar e se tornar mais frágil e doente.
Nessa matemática de viver mais e nem sempre da melhor maneira, quem sente é o coração. Por isso, ele mata tanto. Ao longo da vida, nem todos se preocupam com ele, e, quando dá sinais de complicações, às vezes, é tarde demais. “No Brasil, das mais de 1 milhão de pessoas que morrem por ano, pelo menos 394 mil são por causa do coração. Esse número é resultado de altas taxas de colesterol, pressão alta, aumento dos casos de obesidade. São fatores de risco clássicos, que todos já sabem que representam riscos para doenças cardíacas”, alerta Fernando Alves, cardiologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Principais causas de morte no mundo:
Doenças cardiovasculares (30% )
Câncer (13%)
Doenças transmissíveis, mortalidade materna, perinatal e deficiência nutricional (30%)
Mortalidade por doença cardiovascular em 2020
6 milhões de indivíduos entre 30 e 60 anos nos países desenvolvidos
19 milhões em países em desenvolvimento
Aumento das doenças cardiovasculares em 2040:
250%, no Brasil
210% na China
170% na Índia
70% nos Estados Unidos
Dados: Organização Mundial da Saúde
Principais causas da redução da mortalidade cardiovascular:
Tratamento do infarto agudo do miocárdio ou angina instável: 10%
Tratamento de insuficiência cardíaca: 9%
Revascularização de angina crônica: 5%
Doenças cardiovasculares (30% )
Câncer (13%)
Doenças transmissíveis, mortalidade materna, perinatal e deficiência nutricional (30%)
Mortalidade por doença cardiovascular em 2020
6 milhões de indivíduos entre 30 e 60 anos nos países desenvolvidos
19 milhões em países em desenvolvimento
Aumento das doenças cardiovasculares em 2040:
250%, no Brasil
210% na China
170% na Índia
70% nos Estados Unidos
Dados: Organização Mundial da Saúde
Principais causas da redução da mortalidade cardiovascular:
Tratamento do infarto agudo do miocárdio ou angina instável: 10%
Tratamento de insuficiência cardíaca: 9%
Revascularização de angina crônica: 5%
A cada dois minutos, morre uma pessoa em decorrência de problemas cardíacos no Brasil