Saúde

Hipertensão pode ser assintomática

Sinais da patologia cardíaca podem passar despercebidos. Com menos sorte, a morte súbita pode ser a primeira e única evidência, irreparável, de que algo não ia bem com o coração

Revista do CB

Quando as medidas preventivas básicas são negligenciadas, é preciso correr contra o tempo e tentar salvar o coração de qualquer sofrimento. O perigo é que os sinais da patologia cardíaca passem despercebidos. E não é difícil que isso aconteça. Não raro, a hipertensão pode apresentar-se assintomática. O comprometimento de veias e artérias do coração nem sempre apresenta sintomas claros. Com menos sorte, a morte súbita pode ser a primeira e única evidência, irreparável, de que algo não ia bem com o coração.


Um primeiro indício de infarto pode ser confundido com uma simples dor de estômago ou uma dor muscular no braço
Às vezes, um primeiro indício de infarto pode ser confundido com uma simples dor de estômago ou uma dor muscular no braço. “Além disso, a aterosclerose coronária (entupimento das artérias por placas de gordura) não é linearmente progressiva. Muitas vezes, a pessoa não tem sintomas e evolui direto para um infarto”, alerta Pedro Farsky, coordenador científico das reuniões de cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

De todos os males que fazem o coração parar de bater, as doenças arteriais coronárias são as que mais afetam esse músculo que manda sangue oxigenado para todo o corpo e, consequentemente, as que mais matam. As artérias são como canos por onde passam o sangue e se há aderência de placas de gordura na parede deles, há interrupção desse fluxo, e o coração pode infartar. Quando isso acontece, parte desse músculo não recebe oxigênio tampouco nutrientes. Assim, necrosa. Se o paciente sobrevive, com sorte retoma a vida depois de uma série de procedimentos modernos e de tomar, para sempre, medicações de controle. Outros não contam o mesmo final feliz. Cerca de 7% das pessoas morrem ao infartarem.

Se não infarta, o coração pode enfraquecer. Com os vasos sanguíneos mais estreitos, o coração recebe menos aporte de sangue e de oxigênio. O indivíduo pode não saber que o coração anda cansado. Só desconfia quando sobe uma escada ou faz algum exercício mais intenso. Um dia, ele simplesmente para de bater. “A insuficiência é uma doença traiçoeira. Ela mata o indivíduo com arritmias fatais”, avisa Fernando Augusto Alves da Costa, diretor do Instituto Paulista de Doenças Cardiovasculares.

A primeira chance de não perder a vida como consequência de um entupimento imperceptível da artéria é rapidamente identificar os sintomas. Por isso, a cardiologista Edna Marques, coordenadora da cardiologia da Secretaria de Saúde do DF defende que todos os médicos, independentemente de sua formação, devem estar aptos a fazer a prevenção de problemas cardíacos e encaminhar, ou no mínimo orientar, o paciente a um especialista. Pensando nisso, em setembro deste ano, a Secretaria de Saúde do DF, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, vai oferecer um curso de capacitação para médicos da rede e cursos de emergência para os profissionais que atendem nas Upas (Unidades de Pronto Atendimento). A ideia é que eles saibam como ministrar os primeiros socorros aos pacientes que tiverem infartando e, assim, ganharem tempo até chegar a uma unidade especializada nesse tipo de atendimento na rede, que hoje conta com 180 cardiologistas.

Outra forma de monitorar o paciente cardíaco e preservar literalmente os minutos que podem fazer diferença na sua vida é o sistema de telemedicina, implementado na rede do Distrito Federal, há dois anos. “O paciente faz um eletrocardiograma em qualquer posto de saúde do DF e o resultado vai para uma das unidades especializadas em cardiologia, como o Hospital do Gama, o Hospital Regional de Taguatinga ou o Hospital de Base”, explica Edna. Assim, qualquer anormalidade identificada deve ser logo socorrida.