Para chegar a essas conclusões, os estudiosos analisaram 3,3 mil voluntários com idade entre 16 e 44 anos enquanto jogavam Star craft 2, um jogo de estratégia e raciocínio rápido que simula uma guerra intergalática. A conclusão foi de que, independentemente do nível de habilidade, jogadores com 24 anos ou mais demonstraram menor rapidez nas respostas cognitivas.
Nessa faixa etária, porém, a experiência se mostra. Enquanto os mais novos investem nas facilidades físicas, os mais velhos compensam a lentidão explorando as interfaces do jogo, impedindo, por exemplo, que o outro competidor use a capacidade máxima da partida. “Ao contrário de outros estudos sobre o mesmo assunto, muitas vezes baseados em tarefas de tempo de reação que tornam impossível avaliar o impacto dessas experiências para compensar um declínio em tarefas do mundo real, o nosso investiga as mudanças relacionadas à idade na performance motora cognitiva da adolescência à idade adulta em uma tarefa complexa e em tempo real”, compara Joe Thompson, coordenador da pesquisa.
O neurocirurgião Maurício Avelino Barros pondera que essa perda é relativa. Pessoas mais velhas podem ter maior rapidez mental. “Não há relação direta entre envelhecer e perder as capacidades cerebrais. Você diminui a quantidade de neurônios, mas eles são muitos e você pode preservá-los se agir da maneira correta.” Segundo Barros, após os 21 anos, os neurônios vão decrescendo em volume porque morrem mais do que são produzidos. “Os fatores de perda são individuais, mas existem comportamentos que podem acelerar o processo, como estresse, sono ruim ou escasso e uso contínuo ou abusivo de álcool e cigarro”, alerta.
Compensações
O especialista ressalta que existem meios de preservar a mente. O primeiro conselho é “cuidar do cérebro como se cuida do coração”. Atividade física regular, boa alimentação e controle do estresse e das horas do sono estão entre as principais recomendações nesse sentido. A segunda dica é fazer exercícios para a cabeça, como os de memória, as palavras cruzadas e o xadrez. “Mas não adianta ficar no mesmo exercício e achar que está trabalhando o cérebro inteiro. Na verdade, a pessoa usa uma parte dele, enquanto outras são deixadas de lado”, adverte.
Quem não gosta de joguinhos pode exercitar os neurônios com atitudes do dia a dia, evitando, por exemplo, algumas comodidades tecnológicas. “Quando alguém fala um número de telefone, já se anota no celular. Por que não associar esse número a algo que facilite a memorização e anotar apenas algum tempo depois?”, sugere Barros, ressaltado, em seguida, que é possível recuperar os neurônios em qualquer idade. “Mas não é bom protelar a atividade mental. Quanto mais jovem for a pessoa, mais fácil será.”