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Há casos bem específicos, como de atletas de alta performance, por exemplo, que podem ter a necessidade de suspender a menstruação esporadicamente. “Mas nunca recebi um caso assim. As justificativas sempre são eventos sociais e viagens de férias. Além de trabalhar com adolescentes, sou mãe de adolescente; e percebo que essa medida antinatural muitas vezes parte mais da mãe do que da menina”, pontua Ana Cristina. “Uma coisa é uma mulher adulta decidir que quer interromper a menstruação, outra coisa é uma menina ser educada precocemente a evitar esse sinal tão próprio do corpo feminino”, completa.
A ginecologista observa que o uso do anticoncepcional em meninas jovens não está associado ao maior risco de desenvolvimento de doenças ou de infertilidade no futuro. O problema é outro, e vincula-se a uma característica muito contemporânea. “Como médica, considero que sou também educadora, e percebo que crianças e jovens estão sendo cada vez menos preparados para a frustração. Se incomodou, a primeira reação dos pais é retirar a fonte do problema. A interrupção da menstruação - esporádica ou definitiva - está nesse pacote e só deve ser feita de forma muito bem avaliada e orientada, e não de maneira indiscriminada”, defende.
A médica pondera que há sim, indicações (formais e informais) da amenorreia induzida para:
-reduzir o sofrimento extremo de algumas adolescentes na TPM - isso se eles não puderem ser controlados com outros medicamentos;
-pacientes que têm dificuldades de coagulação ou determinados problemas neurológicos, como aqueles acompanhados de convulsões, que podem ser agravadas no período pré-menstrual.
“Nada pode ser levado a ferro e fogo. Supressão da menstruação não é para todas, assim como a reposição hormonal na menopausa não pode ser indicada sem critérios bem rigorosos e personalizados”, conclui a representante da Sogimig.