Lilian se casou aos 32 anos e o marido estava com 40. De imediato não pensaram em ter filhos, porque gostariam de viver as experiências de casal antes. Nesse meio tempo ela voltou a estudar e cursou gestão pública no Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Como estava empolgada, também fez uma especialização na sequência. No entanto, depois de curtir os primeiros anos de casamento e se vê profissionalmente realizada, ela pensou que estava na hora de ser mãe.
Aos 38 anos, vieram junto com a vontade inúmeras dúvidas, comuns a mulheres nessa faixa etária. “Será que vou conseguir engravidar? “Será uma gravidez de risco?” “O bebê poderá ter algum problema de formação?” Ainda assim, ela e o marido resolveram tentar e foram felizes nas escolhas. Agora, Lilian está ansiosa para comemorar seu primeiro Dia das Mães com a filha. “Todas as mães são guerreiras. Para ter um filho tem que ter coragem, porque não é fácil.”
Fernanda Mara Mesquita de Carvalho, de 39, também foi mãe um pouco mais velha do que grande parte das mulheres, que procuram engravidar até os 30 anos. Ela foi mãe do primeiro filho, Gustavo, aos 33. A segunda filha, Isadora, nasceu no ano passado. “O que atrasou um pouco foi o investimento que fiz em formação e também o desejo meu e de meu marido por estabilidade financeira antes de termos nossos filhos.”
No entanto, ela vê positivamente a maternidade tardia. “Até mesmo por uma questão de maturidade, é algo positivo. Também temos mais tranquilidade. Depois dos 30, a vida financeira está mais estável”, pondera. A preocupação era ter condições financeiras para garantir uma boa formação para os filhos e também pagar um bom plano de saúde. A maternidade é uma experiência tão positiva na vida de Fernanda que ela até cogita ter o terceiro filho. “Ser mãe é uma realização como mulher e como pessoa. Meus filhos são os melhores presentes que Deus me deu.” Apesar de adorar esse papel, ela não abre mão de sua carreira, o que a faz ser tomada por alguns sentimentos ambíguos. “O prazer de ter filhos e a tristeza de não estar tão perto deles como gostaria andam juntos.”
Dos 35 aos 39 anos, cerca de 30% das mulheres terão dificuldade para engravidar. Até os 34 essa taxa é de 10% a 15%. Em casos de infertilidade, muitas costumam buscar técnicas de reprodução assistida. O ginecologista João Pedro Junqueira, especialista em reprodução assistida, alerta que é preciso que as mulheres saibam que, com o passar dos anos, engravidar se torna algo mais difícil. “Qual o melhor momento para engravidar é uma pergunta de ouro”, diz.
Com a revolução advinda com a pílula anticoncepcional, as mulheres foram para o mercado de trabalho e passaram a controlar a reprodução. “As estatísticas do IBGE mostram que em 1990, a idade média em que, as mulheres se casavam era 22 anos. Atualmente, a média é 28 anos. Em 1980, a primeira gravidez ocorria por volta dos 23 anos. Hoje, por volta dos 30.”
O ginecologista admite que se trata de um processo de emancipação feminina, mas diz que é importante alertar para as dificuldades de se engravidar depois dos 35. As mulheres que estão com idade mais avançada e desejam ser mães precisam procurar um ginecologista para saber qual é o status hormonal do ovário. Em outras palavras, qual a capacidade reprodutiva. De acordo com o médico, muitas mulheres que querem se dedicar à formação acadêmica e à profissão, muitas vezes, recorrem ao processo de congelamento de óvulos. A técnica possibilita gestações futuras sem risco de infertilidade devido ao relógio biológico.