Prática desportiva compartilhada entre mães e filhos rende mais do que saúde

Independência dos filhos vem naturalmente, mas os laços não precisam se enfraquecer

por Rafael Campos 09/05/2014 15:00

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Mesmo se pudessem usar seu livre-arbítrio, é provável que os recém-nascidos não desgrudassem da mãe. Além do carinho contínuo, é nela que eles encontram alimento e cuidados indispensáveis. Com o passar dos anos, a consultora de TI Clarissa Lima Chagas, 30 anos, conta que continua “unha e carne” com a genitora graças ao esporte. “Pratico atividade física desde pequena. Comecei a correr no Eixão (em Brasília) nos fins de semana. Até que minha mãe me chamou para participar de um grupo com ela. Foi aí que a corrida se tornou a prática que mantenho até hoje”, relata. Isso foi há sete anos. Desde então, ela e a socióloga Nadja Chagas, 59 anos, já participaram de quatro meias maratonas.

“Como disse um colega do grupo, quando você é picado pelo bichinho da corrida, não para mais. Praticarmos juntas fez com que nossa relação se fortalecesse e garante uma motivação mútua para que continuemos. Mas, às vezes, eu tenho que puxá-la”, diverte-se a mãe, que já experimentou várias práticas — remo, golfe, balé clássico, balé moderno, ginástica localizada, ioga e kangoo jump etc. “Faço muitas coisas porque elas me dão prazer e vejo o resultado. Sei que isso motiva minha filha, quero envelhecer mantendo essa relação com ela”, resume.

Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Renata e as filhas Natália e Giovanna dividem a paixão pelos patins: exemplo dentro de casa (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
A professora Rebecca Carrara, 38 anos, levou seu filho, Pedro Carrara, 13, para aulinhas direcionadas a crianças quando ele tinha apenas 4 anos. Desde pequeno, ele faz modalidades como futebol, natação e circo. Ao chegar na adolescência, o jovem decidiu continuar na academia e, dessa vez, ao lado da mãe. “Acho ótimo malhar com ela porque é um tempo a mais que temos para ficarmos juntos. Ela trabalha, eu passo a tarde na escola. Na academia, podemos conversar mais”, explica Pedro. Rebecca sempre pensou nas vantagens que os exercícios podem trazer a longo prazo. “Foi uma sementinha que plantei nele e fico feliz quando vejo que o Pedro não quer parar de praticar atividade física. Ir à academia com ele me garante dois prazeres: um é a pratica esportiva em si e o outro, ficar com ele”, garante.

A estilista e designer de joias Renata Janiques, 38 anos, começou a praticar patinação no gelo aos 8 e já foi campeã brasiliense e brasileira de patinação artística duas vezes, além de ter treinado nos Estados Unidos. Com esse histórico, foi natural o incentivo dado a suas duas filhas, Giovanna, 12, e Natália, 11. Ambas se apaixonaram pelos patins — além de terem na mãe um exemplo, as meninas contam com o talento dela na hora de costurar as roupas que usam nas competições. “A gente pensa junto no que elas vão vestir, inclusive os acessórios. Foi a patinação que me fez descobrir esse talento”, completa Renata.

Giovanna diz que a melhor parte de ter uma mãe que entende tudo do esporte é que ela sempre tem respostas. “É muito legal contar com ela para tirar as minhas dúvidas. Hoje, gosto mesmo de patinar, de fazer algo que me dá prazer e de ouvir parabéns do professor”, garante. Natália afirma que a patinação é seu esporte favorito, mesmo arriscando umas voltas no skate do pai. “Para mim, é algo normal ter uma mãe que sabe do esporte que pratico. É interessante pensar que vou estar no lugar dela um dia”, diz a caçula. A patinação proporcionou muitas amizades para as meninas. “Outro benefício é a saúde. Mas elas não me escutam tanto quanto eu gostaria”, brinca Giovanna.

A autoestima é outro ponto bacana de quem não sucumbe ao sedentarismo. A administradora Sandra Araújo Martins, 42 anos, sempre se manteve ativa. E isso a faz parecer mais jovem, com muita gente até falando que ela e a filha, Camila Martins, 18 anos, parecem irmãs. “Partiu da Camila a ideia de que fizéssemos algo juntas. Ela também sempre praticou esportes e queria algo que a fizesse relaxar da quantidade de matérias que estuda para o vestibular.” Escolheram o muay thai, arte marcial tailandesa. “Adoramos já na primeira aula. E isso nos deixou mais perto uma da outra. Temos alguém que pode nos dar dicas e isso ainda ajudou minha filha a ficar mais concentrada nos estudos.”

Camila frisa que, mesmo adolescente, não vê problema algum em lutar ao lado da mãe. Ao contrário, fica feliz em reforçar essa que, para ela, é a sua relação mais importante. “E ainda fugimos da rotina do dia a dia, podendo conversar sobre coisas além do que acontece em casa. É algo que nos uniu ainda mais e que não pretendemos parar de fazer”, conclui.