O projeto faz parte de um investimento de US$ 100 milhões concedido pelo presidente Barack Obama, que visa a fomentar pesquisas de aprofundamento na compreensão do cérebro humano. A ciência nunca tentou tal façanha antes, e o tema levanta inúmeros questionamentos éticos, como se a mente humana pode ser manipulada com o intuito de controlar feridas de guerra ou o envelhecimento do cérebro. Assim como quem sofre de demência, as pesquisas poderão ajudar os cerca de 300 mil soldados norte-americanos que sofreram lesões cerebrais graves no Iraque e no Afeganistão.
“Se você ficou ferido no cumprimento de seu dever e não consegue se lembrar da sua família, queremos ser capazes de recuperar esse tipo de função”, defendeu o gerente do programa do Darpa, Justin Sánchez, durante conferência realizada em Washington e organizada pelo Centro de Saúde Cerebral da Universidade do Texas. “Pensamos que podemos desenvolver dispositivos que possam interagir diretamente com o hipocampo para restaurar a memória declarativa”, disse. Essa é uma forma de memória de longo prazo que armazena a identificação de pessoas, acontecimentos, feitos e números.
É fácil prever que a manipulação das lembranças de uma pessoa abrirá um campo de batalha ético. Foi o que disse Arthur Caplan, médico especializado em ética do centro médico da Universidade Langone, em Nova York. “Quando você mexe com o cérebro, mexe com sua própria identidade”, disse Caplan, que presta consultoria à Darpa em assuntos de biologia sintética. “O custo de alterar a mente é que se corre o risco de perder sua identidade, e esse é um tipo de risco que nunca enfrentamos antes.”
"O custo de alterar a mente é que se corre o risco de perder sua identidade, e esse é um tipo de risco que nunca enfrentamos antes” - Arthur Caplan, médico da Universidade Langone, em Nova York