Saúde

Cápsulas detox estão entre as novidades no mercado de suplementos; uso exige orientação

Substâncias prometem auxiliar no aumento da massa magra e no combate aos radicais livres

Paula Takahashi

Detox em cápsulas já estão disponíveis no mercado
Suplementar virou palavra de ordem. Na academia, nas pistas de corrida e caminhada, em trilhas de bike ou em qualquer outro lugar em que a prática de atividades físicas seja recorrente, o assunto domina as rodas de conversa. Energia extra, tonificação, aumento da massa magra e combate aos radicais livres são apenas alguns dos benefícios esperados. Melhoria no condicionamento e ganhos de performance em um tempo mais curto também estão entre as justificativas para recorrer a produtos que estão no caminho entre a alimentação e a medicação. Mas a necessidade de suplementar vitaminas, minerais, proteínas, colágeno, aminoácidos, carboidratos, entre tantas outras substâncias, vai além da malhação e ganha adeptos fora do universo esportivo.


“Tudo que tem nos suplementos é possível conseguir por meio de uma alimentação saudável, mas como as pessoas têm dificuldade de ter uma rotina de refeições adequada, aumenta a busca por esses produtos, cada vez mais acessíveis”, afirma o nutrólogo da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) Guilherme Giorelle. Ademir Valério, farmacêutico e presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) reconhece que, mesmo aqueles que têm disciplina, podem não encontrar nos alimentos os minerais e vitaminas necessários. “Nosso solo está cada vez mais pobre e tem cada dia menos condições de suprir esses índices diários”, alerta.

Por isso a forte tendência de encapsular todo tipo de nutriente indicado para a dieta. Até detox em cápsula já está disponível para equilibrar as toxinas do corpo depois de alguns excessos na alimentação. “Para aqueles que precisam de suplementação de colina, vitamina C e E, fosfatidilcolina e clorofila e que não consomem a dose recomendada no dia a dia, essa pode ser uma boa alternativa”, afirma o farmacêutico Kali Nardino.

Em alta, o detox é uma ferramenta de eliminação dos chamados xenobióticos. “Eles podem fazer com que o organismo não trabalhe de forma a absorver todos os nutrientes da dieta. Portanto, essa eliminação é importante para que o corpo trabalhe melhor”, observa a nutricionista Raphaella Cordeiro. Em países como nos Estados Unidos, um dos maiores consumidores mundiais de suplementos, as opções estão cada dia mais sofisticadas. “Tem até gominha em formato de ursinho, cookies, bolos e vários outros alimentos tradicionais que carregam nutrientes adicionais. Soluções prontas e portáteis onde se coloca de tudo”, afirma Kali.

HÁ LIMITES Tanta facilidade, porém, exige cuidados. Tomar suplementos por conta própria ou baseado nos resultados positivos obtidos por amigos e parentes pode ter efeitos contrários aos esperados. “O excesso de determinadas vitaminas é tão maléfico quanto o benefício”, alerta Ademir Valério. As quantidades indicadas para cada pessoa devem ser repassadas por um profissional, seja ele nutrólogo, nutricionista ou farmacêutico. Além dos hábitos, rotina e características físicas do paciente – a famosa anamnese –, ainda serão realizados exames clínicos para identificar o que realmente deve ser reposto.

“O excesso de vitamina A, por exemplo, pode provocar lesões na pele”, alerta Ademir. E tem mais. Problemas oftalmológicos, sonolência e até queda de cabelo podem estar relacionados com o consumo indiscriminado dessa vitamina, reconhece o nutrólogo Giorelle. A reposição, portanto, deve ser indicada para quem apresenta algum tipo de carência e não deve ser generalizada. “Nada se compara aos resultados da alimentação”, afirma o nutrólogo.

No caso das proteínas, no entanto, os efeitos podem ser potencializados. “O consumo de suplementos proteicos oferece uma quantidade muito superior a que se encontra em um bife, por exemplo”, pondera o especialista. Mas também deve ser prescrito para quem realmente fará bom uso desta carga extra, em especial pessoas com forte ritmo de treinamento e atletas de alta performance. Em dosagens excessivas, a proteína pode afetar os rins e o coração.

Verificar se o paciente tem ou não alguma doença ou alterações sanguíneas também é importante para definir as quantidades a serem ingeridas. “A pessoa pode ter o colesterol alto e não saber. Se consumir proteína, poderá haver uma sobrecarga renal”, alerta o especialista. Até o momento ideal para a ingestão deverá ser indicado pelo profissional especialista de acordo com os objetivos. Vale lembrar que para obter os melhores resultados, seja da proteína ou de qualquer outro suplemento, é fundamental buscar o equilíbrio com a prática de atividades físicas e com o restante da alimentação. Manter a rotina e apenas ingerir cápsulas, barras e shakes enriquecidos certamente não trará melhorias.