Na penumbra da sala de cuidados intensivos do hospital San Ignacio de Bogotá, cinco prematuros lutam para respirar. Cada inspiração é um esforço para os seus pulmões mal formados. Mas a mãe ou o pai dos pequenos pode tirá-los das incubadoras e colocá-los contra o peito para tranquilizá-los.
César Algeciras abre um dos aparelhos e acomoda os cabos para pegar seu bebê, que nasceu com 27 semanas, três meses antes do previsto. Cuidadosamente, ele o coloca dentro de uma faixa contra seu peito. O menino é quase do tamanho da sua mão. "Na parte sentimental é delicioso escutar os batimentos, eu às vezes não preciso nem olhar para o monitor para saber se está bem", disse à AFP Algeciras, um engenheiro de informática de 36 anos que passa até cinco horas por dia sentado com o seu bebê.
Na sala, as enfermeiras tentam manter a luz baixa e, quando o barulho supera os 60 decibéis, um alarme é ativado. O objetivo é fazer com que o local se assemelhe ao máximo ao ambiente intrauterino.
"Uma criança em cuidados intensivos não dorme mais que 19 minutos seguidos. É um ambiente muito agressivo, é algo traumático. Para ser sincera, é uma tortura", descreveu a doutora Nathalie Charpak, que sistematizou o Método Canguru, que começou a ser aplicado de forma empírica na Colômbia em 1978, devido à escassez de incubadoras.
A ideia é simples, mas sua implementação não é fácil: o bebê deve estar em posição vertical, em contato pele a pele com o peito do cuidador, que pode ser a mãe, o pai ou outro parente. A postura deve ser mantida nas 24 horas do dia e o cuidador deve dormir quase sentado.
Alternativa melhor que a incubadora
Outros países com carências similares se interessaram no Método Canguru. "É um intercâmbio Sul-Sul de conhecimento. Treinamos mais de trinta países e o que faz com que funcione é a pele contra a pele, que permite uma regulação térmica tão boa quanto a incubadora", explicou a doutora Charpak.
Com um programa que combina esta técnica a outras, como bancos de leite materno e de vacinação, em 20 anos o Brasil reduziu em dois terços a taxa de mortalidade de menores de cinco anos, segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Apesar do estigma inicial de ser "a alternativa do pobre", em 2004 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o Método Canguru equivale aos procedimentos convencionais para combater a mortalidade infantil, como a incubadora, mas oferece vantagens adicionais porque favorece a lactação, humaniza o cuidado neonatal e fortalece os vínculos com os pais.
Desde então, os médicos colombianos treinaram 60 equipes médicas para implantar este método em outras áreas. Muitos vêm de países pobres na África e na Ásia, mas também unidades dos Estados Unidos, da Espanha ou da Suécia têm encontrado benefícios neste método para estimular o desenvolvimento cognitivo do bebê.
Segundo um estudo feito na Suécia e publicado em 2011 na PubMed, embora as mães qualifiquem o cuidado noturno como "esgotador", nenhuma pensou em interromper o tratamento e em geral sua avaliação é positiva. "Não é uma intervenção nem naturista, nem alternativa, é preciso aprender a fazer o Canguru", afirmou Charpak.
Barreiras culturais
Em uma área do hospital San Ignacio, onde está alojada a Fundação Canguru, são sete da manhã e cerca de 30 mães com seus bebês colados ao peito, agasalhados com gorrinhos de lã e cobertos com mantas térmicas, esperam que seus filhos sejam examinados.
"Às vezes, a senhora aparece aqui com a empregada (doméstica). A princípio, as pessoas das classes altas pedem horários com menos afluência, mas depois se dão conta de que são criados laços de solidariedade com as outras mães", disse a psicóloga Martha Cristo.
As crianças que não estão doentes recebem alta, com a condição de que façam exames diários. Assim estão menos expostas às infecções hospitalares, muito difíceis de erradicar, principalmente em países em desenvolvimento.
No entanto, Charpak afirmou que há barreiras para que este método seja implementado em domicílio. Na Índia, por exemplo, a mãe volta à casa da sogra e é pressionada a trabalhar na casa e deixar o bebê. "Há países na África onde, se a mãe volta para casa, é para trabalhar", contou.
Para a médica, parte da resistência também vem dos funcionários da saúde, que sentem uma perda de poder. "A acolhida no Primeiro Mundo também é difícil porque (a ideia) vem de um país do Sul e, apesar de mostrar que os suecos também seguem o método, há resistência", concluiu.