Na casa da confeiteira Érika Alves, 34 anos, a liberdade dos animais de estimação é quase total. Na cama que ela divide com o companheiro, há espaço ainda para cinco gatos e dois cachorros. “Às vezes, dormimos todos juntos. Em outros dias, eles se revezam”, conta Érika. A vira-lata Pepita é a única que tem lugar garantido e passa todas as noites na cama. “Ela só dorme abraçada com o meu marido. Ele é asmático, mas faz questão da companhia. Gosta tanto quanto eu”, revela.
O hábito não é prejudicial. “Desde que seja um animal limpo e saudável, não tem problema”, garante a veterinária Eliana de Farias, mas o dono deve estar atento a alguns cuidados. É preciso dar banho com frequência, fazer a escovação diária do pelo e, depois de o cachorro passear na rua, passar uma toalha na patinha”, orienta. Ela destaca ainda que é importante levar o pet ao veterinário para um checape antes de deixá-lo subir na cama.
Além disso, é preciso aspirar a casa e a trocar os lençóis pelo menos uma vez por semana. Se os cuidados não forem observados, o proprietário do animal pode ficar exposto a doenças. “As principais são a giardíase, a sarna sarcótica e as infecções fúngicas”, explica a veterinária. Segundo Eliana, normalmente é alvo quem está com a imunidada baixa. O mesmo vale para idosos e crianças.
O fotógrafo e técnico de TI Victor Mendonça, 21 anos, separou um cantinho do quarto para seu cão, Clark. Apesar disso, o jack russel teima em subir na cama do dono na hora de dormir. O hábito começou quando o cão ainda era filhote. “É o primeiro cachorro que é meu”, diz, justificando os mimos. “Eu falo para ele descer, mas ele quer dormir comigo”, conta Victor.
O yorkshire Kinzé também é um tanto indisciplinado nesse quesito. O xodó da servidora pública Priscila Jortez ignora o cantinho reservado a ele para escalar a cama da dona. “Ele tem certeza que é gente”, brinca Priscila. Ela diz que não acha a companhia ruim, apesar de Kinzé se mexer e encostar nela.
Pode ser difícil resistir, mas dar espaço demais aos os animais de estimação tem consequências comportamentais nem sempre positivas. “Estudos mostram que gestos de codependência podem fazer com que o animal fique mais dominante e possessivo”, afirma o comportamentalista animal Renato Buani. Porém, ele acredita que o ato de dividir a cama com o pet não é determinante para o quadro.
Segundo Buani, as pessoas colocam o animal como membro da família e veem a cama como o único lugar digno para o pet dormir. “É uma tendência do homem humanizar tudo, mas é preciso tomar cuidado para não confundir os prazeres dos animais com os nossos, pois eles são diferentes.”
Agora, para quem é alérgico aos animais, o melhor é mantê-los fora do quarto mesmo. E, de preferência, fora de casa também, afirma a médica Marta Guidacci, coordenadora de Alergia e Imunologia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. “Esse contato pode desencadear uma crise de asma ou se manifestar como rinite ou conjuntivite alérgicas”, detalha a especialista.
Cuidados para um sono despreocupado
-Conheça o animal. Verifique se ele está livre de doenças.
-Limpe diariamente as patinhas deles com um pano úmido e seque bem. Se o pet aceitar, levá-lo para passear com sapatinhos apropriados.
-A mascote precisa de banho periódico. Também é recomendável fazer a vermifugação a cada três meses.
-A escovação dos pelos de cães e gatos deve ser feita todos os dias.