Um desses estudos, realizado em países europeus, constatou que os cachorros estão cada vez mais idosos — ao passo que a natalidade está em franco declínio. A metodologia foi replicada no Brasil, onde foram ouvidos 4 mil donos de cães, e as conclusões foram semelhantes. Um dos dados já era bem conhecido: o porte menor favorece a longevidade. A diferença é que eles sobrepuseram porte à variável raça (veja o quadro), gerando um panorama mais preciso.
O levantamento ainda descreve duas fases do envelhecimento canino. A primeira diz respeito à primeira metade da expectativa de vida do pet. A segunda aborda o último terço da vida. Na primeira etapa, o envelhecimento é a nível celular. A produção de radicais livres é combatida pela ação dos antioxidantes, como as vitaminas A, C e E, que são produzidas pelo organismo. Alguns sinais são: branqueamento dos pelos, possível ganho de peso e sensibilidade dentária (por formação de tártaros).
Na segunda fase do envelhecimento, as características mais evidentes são: redução do vigor, diminuição do olfato e do paladar, mudança de comportamento, doenças cardíacas e renais, esclerose do cristalino do olho e maior susceptibilidade a doenças infecciosas em razão do declínio do sistema imunológico. “O envelhecimento não é doença e, sim, uma evolução física que deixa o animal vulnerável. É um processo progressivo, silencioso e acontece externa e internamente”, define Cíntia Fuscaldi, veterinária da equipe da Royal Canin.
Nina é um exemplo que cuidados aumentam a expectativa de vida. A poodle de 16 anos e meio sempre foi forte e saudável. A “mãe” de Nina, como se autodenomina Elaine Andrade, confirma: “Ela é muito forte, passou por muita coisa, mas ainda corre e mantém as atividades normais”. No ano passado, porém, a cadelinha deu um susto na dona, que havia viajado por 15 dias. “Quando voltei, minha filha estava mal. Levei ao veterinário e ele disse que não conseguiria resolver a situação dela.”
Inconsolável, Elaine procurou outras opiniões e, finalmente, encontrou um profissional que identificou e tratou os problemas da poodle: edema pulmonar, disfunção da válvula mitral, sopro no coração, além de estreitamento de traqueia. Foram meses de tratamento, mas Nina está aí — firme e forte —, só que, agora, toma medicação três vezes ao dia.
Fator de envelhecimento
Os radicais livres são produzidos pelas células durante a respiração para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia. Eles podem danificar células sadias do corpo. O organismo, porém, possui enzimas protetoras capazes de reparar 99% dos danos causados pela oxidação. Notórias fontes de radicais livres são: poluição ambiental, resíduos de pesticidas, conservantes, hormônios e gordura saturada.
Você sabia?
Alguns nutrientes que contribuem para o envelhecimento saudável de seres humanos têm se mostrado eficientes em cães. Os polifenóis do chá verde e da uva, o licopeno (rico em tomates) e a combinação das vitaminas C e E com luteína (presente na cenoura, na laranja e no milho) e taurina são ótimos exemplos. “Esses são nutrientes que se comportam de maneira muito similar nos organismos humanos e caninos”, afirma a veterinária Cíntia Fuscaldi.
Check-up geriátrico veterinário
Ele ainda é pouco usual, embora importante. São feitos os seguintes exames: odontológico, oftálmico, auricular, inspeção da pele, auscultação cardíaca e pulmonar, hemograma e análise da urina. As vacinas também são reforçadas. O ideal é realizar essa avaliação assim que o animal apresentar os primeiros sinais de envelhecimento e repeti-la periodicamente.
Porte do cão - Raças - Expectativa de vida
Miniatura (até 4kg) - chihuahua, spitz miniatura, bichon frisé, maltês - 12 anos
Pequeno (de 5kg a 10kg) - poodle, lhasa apso, pug - 12 anos
Médio (de 11kg a 25kg) - beagle, cocker spaniel, buldog inglês - 10 anos
Grande (de 26kg a 44kg) - pastor alemão, golden retriever, setter - 8 anos
Gigante (acima de 44kg) - rottweiler, são bernardo, dog alemão - 8 anos
Fonte: Royal Canin