Injeções de antirretrovirais protegem macacos da Aids por várias semanas

Nenhum dos animais foi infectado durante tratamento com dose diária de medicamentos

por AFP - Agence France-Presse 05/03/2014 13:56

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As injeções de antirretrovirais contra o vírus que causa a Aids protegeram macacos por várias semanas após a infecção, uma conquista que abre caminho para prevenir a doença em seres humanos, de acordo com dois estudos americanos divulgados na terça-feira. Os estudos, realizados por duas equipes diferentes de virologistas, revelaram uma proteção completa nos animais que receberam uma injeção mensal de antirretrovirais.

Testes clínicos realizados nos últimos anos têm demonstrado que ingerir pequenas doses diárias de medicamentos antirretrovirais poderiam reduzir em mais de 90% o risco de infecção por um parceiro sexual HIV-positivo, uma abordagem chamada profilaxia pré-exposição, de acordo com cientistas, que apresentaram seus trabalhos na conferência anual sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), em Boston (Massachusetts, nordeste).

Mas alguns desses testes tiveram uma taxa de sucesso significativamente menor, porque um grande número de participantes não tomaram a dose de antirretrovirais diariamente. Assim, uma injeção trimestral ou mensal poderia resolver este problema.

Em um dos dois estudos realizados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, CDC), os pesquisadores deram uma injeção mensal de um antirretroviral experimental de longa ação chamado GSK744 a seis macacos.

Em seguida, duas vezes por semana, introduziram na vagina das fêmeas um líquido contendo o vírus da imunodeficiência, para simular relações sexuais com um macho infectado. Nenhuma das fêmeas tratadas com GSK744 foram infectadas, mas seis de um grupo de controle tratadas com placebo apresentaram a doença rapidamente.

Os cientistas do segundo estudo, do Centro de Pesquisa sobre a Aids Aaron Research da Universidade Rockefeller, em Nova York, testaram a mesma droga em 15 macacos, mas desta vez expondo-os ao risco de infecção anal. Os resultados foram semelhantes: nenhum dos animais tratados foram infectados, mas todos aqueles que receberam placebo sim. Um primeiro ensaio clínico com 175 pessoas está previsto para começar no final deste ano nos Estados Unidos, Brasil, África do Sul e Malawi, com a mesma terapia antirretroviral, que já foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), a agência americana de alimentos e produtos farmacêuticos. O GSK744 foi desenvolvido pelo laboratório GlaxoSmithKline.