Os mosquitos anopheles são o vetor da malária, que mata a cada ano centenas de milhares de pessoas, particularmente na África. A principal estratégia de combate à doença é a erradicação do mosquito por meio da pulverização de inseticidas, algo que esbarra na resistência genética do inseto. Os pesquisadores britânicos começaram por identificar, em uma região do Benin, os anopheles resistentes aos dois tipos de inseticida e compararam seu genoma ao de mosquitos que não desenvolveram resistência.
O procedimento permitiu identificar um gene - batizado de "GSTe2" - particularmente ativo entre os mosquitos do Benin. Análises posteriores revelaram que apenas uma mutação do GSTe2 ("L119F") era suficiente para dar resistência aos mosquitos diante das duas classes de inseticidas.
Os pesquisadores elaboraram então um teste de DNA para evidenciar a presença desta mutação e a aplicaram em diversas populações de mosquitos, em todo o mundo, confirmando que os insetos resistentes ao DDT são portadores da mutação, e os demais, não. Em seguida, os pesquisadores analisaram a proteína ligada ao GSTe2 - em um exame de cristalografia de raio X - e puderam compreender como ela permite aos mosquitos resistir aos inseticidas decompondo as moléculas de DDT para transformá-las em substâncias inofensivas.
Para confirmar que apenas a presença desta mutação genética é suficiente para proteger os mosquitos contra os inseticidas, os pesquisadores introduziram o GSTe2 mutante em moscas drosófilas, que também desenvolveram resistência."Pela primeira vez, identificamos os marcadores moleculares da resistência destes mosquitos e concebemos um teste de DNA. Estas medidas permitirão o desenvolvimento dos programas de controle de mosquitos (...) e evitarão que tais genes (mutantes) sejam transmitidos a outras populações", resumiu o Dr Wondji.