O vídeo termina com a frase “As crianças na Síria estão com frio. Entre em contato e envie a elas uma jaqueta quentinha”. A campanha integra o SOS Mayday, programa que arrecada fundos para enviar agasalhos às crianças sírias refugiadas.
Os comentários mais comuns em relação ao vídeo foram comparações com outros países, “ah, muita criança passa frio e fome no Brasil e ninguém faz nada” e questionamentos sobre o aspecto físico da criança: “queria ver se fosse um menino com cabelo mais mal cortado e menos limpinho”.
Os comentários não estão descolados da realidade. O Brasil, que sempre foi reconhecido internacionalmente como um país solidário, caiu 37 posições no último ranking internacional sobre o assunto. A pesquisa World Giving Index 2013, divulgada em dezembro, colocou o país na posição 91. O estudo é considerado o mais abrangente do mundo - foram ouvidas 155 mil pessoas. O item que mais caiu no Brasil foi justamente “ajuda a estranhos”, que passou de 51% para 42%.
O país ficou em último no ranking da América Latina. Tanto aqui quanto na Venezuela, 26% da população afirmaram que exercem algum tipo de solidariedade. O primeiro lugar coube à Colômbia, com 41%.
Além de razões culturais, os autores da pesquisa apontaram ainda a falta de incentivo governamental para doações. Os países mais solidários, como Estados Unidos (61%), Canadá (58%) e Inglaterra (57%), são caracterizados por benefícios fiscais a doações e trabalhos voluntários, tanto para pessoas físicas quanto empresas e instituições. A riqueza do país, no entanto, não é apontada como justificativa para as posições no ranking pelos pesquisadores, uma vez que nações como o Turcomenistão, Sri Lanka e Haiti aparecem à frente do Brasil.
Nunca é tarde para começar
Um estudo da Universidade Exeter, do Reino Unido, mostrou que ser voluntário pode melhorar a saúde mental e proporcionar uma vida mais longa. Ao analisar autoavaliações de adeptos da prática, os especialistas concluíram que eles têm índices mais baixos de depressão e níveis altos de satisfação pessoal e bem-estar.
É claro que as motivações para ampliar o tempo dedicado à solidariedade são múltiplas, como a 'simples' vontade de contribuir para a sociedade, aproveitar o tempo livre e aumentar o senso de pertencimento a um grupo. Mas, além de fazer diferença para a vida de outra pessoa, a oportunidade de trocar conhecimentos, estabelecer novos vínculos e materializar o sentimento de bondade são poderosos catalisadores de autoestima. Como se isso não bastasse, algumas pesquisas demonstram que o 'ser solidário' e 'ser capaz de se colocar no lugar do outro' são sinais evolutivos importantes.
Seja qual for o motivo, a iniciativa de ajudar não precisa espera o incentivo governamental. Não é necessário esperar que o outro faça. E você pode começar virtualmente, sem sair do computador, saiba mais: