Desde 2009, Reece mantém – com a ajuda da mãe - a página para documentar sua batalha contra a doença que se manifestou no ano anterior. O estudante também administra uma conta no Twitter. A mensagem que comoveu o mundo e foi repercutida em vários sites tem mais de 700 compartilhamentos até agora. Entre os comentários, manifestações de admiração e tristeza se destacam. Uma brasileira escreveu: “Mantenha-se forte, querido Reece. Você é um garoto corajoso. Não desista de ser feliz, a vida pode nos trazer surpresas que nem podemos imaginar. Deus abençoe você e sua família. Desejo-lhe amor, paz e fé! Abraços do Brasil!”.
“Eu poderia optar por outra avaliação médica, mas isso significaria viajar para o hospital e lidar com os efeitos colaterais das medicações (...) ou poderia simplesmente não fazer nada, ficar em casa e deixar a natureza seguir seu curso”, escreveu o menino na rede social. A decisão teria vindo após Reece receber os resultados dos últimos exames.
Em seu último post no Facebook, o garoto começou com um “olá” aos novos seguidores, em especial aos brasileiros. Ele afirmou estar muito comovido com os comentários e pediu paciência para responder a todos. Em outro, afirmou que a situação atual de sua saúde ganhou muita atenção da mídia, mas que agora quer dedicar tempo para a família.
O que é
André Márcio Murad esclarece que o neuroblasma é um tumor sólido comum no tecido nervoso do pescoço, tórax, abdômen ou pélvis. Também aparece nos tecidos da glândula suprarrenal. Aproximadamente 97% dos neuroblastomas são malignidades embrionárias do sistema nervoso simpático que ocorrem quase exclusivamente em recém-nascidos e crianças muito novas. Por isso, é mais comum na infância, com uma incidência duas vezes maior do que a leucemia. Dois terços das crianças com neuroblastoma são diagnosticadas antes dos cinco anos de idade. Muitas vezes o neuroblastoma já está presente por ocasião do nascimento e em muitos casos, quando diagnosticado, já produziu metástase para os linfonodos, fígado, pulmões, ossos e medula óssea.
Sintomas
“Os sintomas mais comuns resultam da pressão do tumor: olhos estufados e olheiras são comuns, quando o câncer se espalha atrás dos olhos. O neuroblastoma pode pressionar a coluna, causando até paralisia. Febre, anemia e pressão também estão presentes. Raramente aparecem diarreia violenta, movimentos musculares irregulares e não coordenados ou movimento ocular descontrolado”, aponta André Márcio Murad.
Tratamento
O oncologista diz que o tratamento depende da idade do paciente, localização do tumor, estágio da doença por ocasião do diagnóstico, biologia do tumor, além de outros fatores. No geral, são quatro tipos de tratamento: cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. Esse último procedimento pode ser necessário para substituir o tecido danificado pela radioterapia ou quimioterapia. A medula óssea utilizada no transplante pode ser do próprio paciente.
Causas
Como a maioria acontece em recém-nascidos ou crianças novas, de acordo com o oncologista, uma maior investigação é necessária sobre os eventos que ocorrem antes da concepção ou durante gestação. Existem vários fatores sendo estudados, mas nenhuma causa definida com comprovação cientifica. O especialista cita alguns:
- Medicações: dois estudos registraram um aumento de risco quando mães usaram medicações durante a gestação, tais como: anfetaminas, diuréticos, tranquilizantes e relaxantes musculares ou medicação para infecção vaginal;
- Hormônios: dois estudos registraram um aumento de risco associado a utilização de hormônios, um deles indicando um aumento 10 vezes maior;
- Características do feto ao nascer: um estudo indicou um aumento de risco associado ao baixo peso ao nascer e um efeito protetor para parto antes do tempo;
- Anomalias congênitas: uma variedade de anomalias tem sido registrada ocorrendo juntamente com neuroblastoma, em um número pequeno de casos, mas nenhum padrão consistente foi observado;
- Aborto espontâneo prévio ou morte fetal: o aborto espontâneo prévio foi associado com um aumento de risco em um estudo, mas resultados de um segundo estudo mostrou justamente o contrário;
- Uso de produtos de fumo: estudos recentes associam a utilização de fumo durante a gestação e o risco do neuroblastoma no feto, mas a associação é fraca;
- Exposição ocupacional paterna: três estudos relataram resultados conflitantes sobre o risco associado à ocupação paterna nas áreas de eletrônica, agricultura e o empacotamento e distribuição de certos materiais. Os agentes considerados foram campos eletromagnéticos, pesticidas, hidrocarbonetos, poeiras, borracha, tinta e radiação.